Uma ação (des)necessária?

Está mais que comprovada a montagem e operação - ao longo dos governos petistas - de um mega esquema de apropriação indevida de recursos da Petrobras. Ocorreu  através de contratos superfaturados, de grandes fornecedores da estatal. Foi descontinuado e tudo o que emerge hoje na mídia são revelações do que ocorreu no passado. 
O esquema foi montado com o conluio de políticos no poder com grandes fornecedores e operado por intermediários privados e dirigentes nomeados pelos políticos. Esses, em vários casos, auxiliados por funcionários graduados da empresa. 
O fluxo financeiro do esquema era movimentado por uma intrincada rede de empresas em paraísos fiscais e contas bancárias no exterior, com a ajuda de doleiros. 
A prisão de um grupo de doleiros que atuavam num escritório em Brasília, na sobreloja de um posto de combustíveis, com serviços de lavagem rápida deu origem a uma operação policial com sucessivos desdobramentos, que vem apurando, prendendo e levando à condenação, dezenas de grandes empresários ou dirigentes empresariais, políticos sem foro privilegiado, além de doleiros, operadores e outros intermediários do esquema. Já foram 24 fases e ainda ocorrerão muito mais.

O grande objetivo da Força Tarefa instituída para apurar os fatos é identificar a cúpula real do esquema montado e puní-la. 

Já identificou e prendeu os dirigentes do principal ramo empresarial: os fornecedores das obras, caracterizadas como empreiteiros.
Tem atuado de forma desigual em outro ramo tão ou mais vultoso que o primeiro, com uma grande participação de empresas estrangeiras: o de fornecimento de navios, plataformas e outras instalações para as atividades de exploração e produção de petróleo, em alto mar. 

Até o momento, os principais empresários nacionais que alimentaram esse ramo, não foram presos.

Chegou-se ao principal mentor executivo do esquema que teria articulado com dirigentes partidários da base aliada, a montagem daquele: o então chefe da Casa Civil José Dirceu.

Identificado esse mentor, a dúvida que permanece sob investigação é se o superior a ele, o então Presidente Lula, era
  • o chefe real, 
  • sabia, mas não liderava, deixando que José Dirceu atuasse na montagem e operação do esquema; ou se 
  • esse operava à revelia do Presidente, que nada sabia. 
O senso comum é de que o Presidente Lula era o chefe real, mas não há comprovação concreta da sua participação, tampouco houve delação de José Dirceu, apontando-o como chefe real.

Embora haja comprovação de benefícios concedidos pelas empreiteiras ao ex-Presidente Lula, posteriormente ao fim do seu mandato, não há nem indícios de que ele os teria favorecido dentro de contratos da Petrobras, tampouco tenha recebido vantagens durante o seu mandato presidencial.

O que existe de indício mais forte é uma relação de Lula, através do seu primeiro-amigo José Carlos Bumlai, com o ramo dos fornecedores de navios e plataformas para a exploração e produção de petróleo.

É um esquema mais antigo que remonta a governos anteriores que as investigações atuais não alcançaram. Por isso, objeto de críticas dos petistas, lulistas e seus adeptos.

A menos do domínio dos fatos e de delações inaceitas judicialmente não haverá comprovações de que Lula era o comandante-chefe do esquema. No caso do mensalão houve depoimentos de fora e de dentro da base aliada de informação sobre a ocorrência do esquema. Mas Roberto Jefferson, o principal denunciante, foi preso e condenado. Levou junto José Dirceu, mas não Lula. Aceitou-se judicialmente, em todo o processo que a cadeia de comando terminava em José Dirceu, ainda assim, com base no domínio dos fatos e não em provas objetivas.

Agora o denunciante é Delcídio do Amaral, cuja credibilidade está sendo contestada. Do ponto de vista da sociedade as suas denúncias tem reação dividida: os antipetistas aceitam como verdadeiras. Os petistas as recusam. 

Do ponto de vista policial, investigativo e jurídico o resultado  deverá ser semelhante ao do mensalão: a cadeia de comando chegava até José Dirceu que manteve o comando, mesmo depois de ter saído do Governo e não alcançava o Presidente Lula, tampouco a sua sucessora.

Mas o "calcanhar de Aquiles" de Lula está no envolvimento do seu primeiro-amigo Bumlai que apelou a um grupo empresarial que tem um banco e um fornecimento de navios sonda, para uma triangulação a favor do PT e beneficiou os familiares de Lula. 

Seria um esquema paralelo, menor, doméstico de pequenos ou médios agrados pessoais.  Mas o fato de Bumlai ter se envolvido com o Grupo Schain o ligou ao petrolão e ao alcance da "Lava Jato". 

Dai a condução coercitiva de Lula para prestar depoimento como  implicado nas operações de Bumlai. O que o Ministério Público Federal quer saber e a Polícia Federal está investigando é se Lula teve atuação (ainda que indireta) na contratação da locação de navios-sonda do grupo Schain  pela Petrobras. E se ele ou seus familiares foram beneficiados por Bumlai.

As manifestações pró ou contra a condução coercitiva não alteram a necessidade de investigar as ocorrências e punir, se necessário, os criminosos.




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