Um grande equívoco de Trump

Do discurso de Trump retiro uma frase que sintetiza as suas pretensões. "Nós, cidadãos da América, estamos agora unidos em um grande esforço nacional para reconstruir o nosso país e restaurar a promessa para todos o nosso povo. Juntos vamos determinar o curso da América e de todo o mundo por muitos muitos anos... O establishment protegeu a si próprio, mas não os cidadãos de nosso país. As vitórias deles não foram vitórias do país. Esse dia marca a data em que o povo se tornou soberano desta nação novamente".

Os EUA cresceram como imperialistas e tornaram-se a maior potencia mundial, econômica e militarmente, com as suas estratégias. A globalização não foi - como já indicamos aqui - um acidente histórico, mas fruto de uma estratégia norte-americana. 

 
Se o imperialismo europeu se baseou na exploração de recursos naturais externos, conquistando militarmente novos territórios tornando os colônias, os EUA conquistou a sua independência e se desenvolveu organicamente, isto é, pela dinâmica do seu mercado interno.

O desenvolvimento tecnológico foi o fator propulsor.

A partir do final da Segunda Guerra Mundial desenvolveu um novo modelo imperialista. Não mais a exploração de recursos naturais das colônias para serem industrializados na metrópole, mas a exploração da mão-de-obra barata dos países subdesenvolvidos para a produção industrial de baixo custo, e serem consumidas pela demanda norte-americana. 

Esse novo modelo - caracterizado como globalização - sacrificou milhões de empregos industriais bem remunerados nos EUA, sendo substituídos por empregos pior remunerados nos países subdesenvolvidos. Nesses, a remuneração era muito mais baixa que das mesmas funções nos EUA, mas muito acima da média local. Por isso muito bem aceita pelos países hospedeiros. A exceção foi o Brasil.

Em compensação esse modelo gerou muita riqueza e empregos bem remunerados no setor de comércio e serviços. Neste deu sustentação a grandes avanços tecnológicos, que atualmente são uma das principais base da riqueza norte-americana.

Com as promessas e ameaças de Trump as multinacionais americanas passarão a produzir menos nas suas subsidiárias em outros países, para suprir o mercado norte-americano, ampliando a produção interna. Mas para manter os preços baixos, terão que buscar custos menores, competitivos com os da produção no exterior. Como não podem reduzir a remuneração dos trabalhadores, por naturais resistencias sindicais, a saida será a tecnologia. A produção que retornar aos EUA será amplamente automatizada, robotizada, com ocupação mínima de mão-de-obra.
Os "esquecidos" os que tiveram a sua "riqueza" distribuida pelo mundo e que elegeram Trump na esperança de reconquistar os seus empregos terão frustradas as suas esperanças. O que irão fazer? 
A Wal-Mart irá reduzir as compras de produtos chineses baratos, as lojas de departamento venderão menos vestidos chineses. As empresas norte-americanas farão menos encomendas de fabricação dos seus produtos na China e outros paises asiáticos. 
O varejo norte-americano passará a vender menos e demitirá  muitos comerciários. Muitos dos serviços familiares hoje baratos, supridos por imigrantes ficarão menos disponíveis e mais caros. A sensação será de piora das condições de vida, para a classe média alta. Na sua vida cotidiana, pelo menos no primeiro ano do Governo Trump não será de uma América mais forte, mas de uma América pior para se viver: "nos eramos felizes e não sabiamos".

Mas a capacidade de resiliência dos EUA é muito grande e, provavelmente, conseguirão vencer mais essa crise. 

E o resto do mundo?

(cont)  
 
 


 
 

  

  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...