O Brasil por força da iniciativa privada, aproveitando oportunidades do mercado mundial, se tornou em poucos anos, uma potencia agrícola mundial, liderando a produção e a exportação de diversos produtos agrícolas.
Tornou-se um grande produtor de grãos, exportados majoritariamente para a China, gerando divisas mais que suficientes para cobrir as importações e colaborando para o equilíbrio das contas externas. O Brasil está livre de crises externas, como as que enfrentou no passado, sendo obrigado a recorrer ao Fundo Monetário Internacional.
O aumento da produção agrícola, notadamente neste ano de 2017, foi essencial para reverter a trajetória recessiva da economia brasileira, evidenciada a partir de 2015, com sucessivas quedas do PIB.
Apesar dos elementos positivos essa conjuntura brasileira é fonte de infelicidade ou incomodidade para alguns que a criticam como sendo uma condição indesejável.
Essa condição é vista como um retrocesso com o Brasil voltando a ser um supridor de matérias-primas para as grandes potenciais mundiais e importador de bens industrializados, como nos tempos coloniais. Ou da fase pré-industrial.
Entendem esses que para o Brasil ser uma efetiva potência precisa ser altamente industrializado, acompanhando a evolução tecnológica e não retornando a ser um supridor de matérias-primas que são fonte da industrialização realizada pelos países mais desenvolvidos. E que o Brasil jamais será um pais independente sem uma forte industrialização.
Em tese, todos tem razão. Na prática não.
O fato é que empresas e países se desenvolvem aproveitando oportunidades, utilizando os seus pontos fortes. Mas para sustentar o desenvolvimento precisam, de um lado, consolidar as conquistas e, de outro, inovar para se ajustar às novas circunstâncias.
A China aproveitou-se de dois pontos fortes (produção em escala e mão-de-obra barata) para atrair as multinacionais em expansão com novos produtos tecnológicos (como a Apple) para se desenvolver como a maior produtora industrial do mundo, cerceando a possibilidade de outros países, como o Brasil, se estabelecer como uma plataforma industrial para suprimento mundial. Na prática, o Brasil recusou esse papel, no mesmo momento histórico em que a China o aceitou e desenvolveu.
A China cresceu rapidamente e tornou-se o maior importador de matérias-primas, abrindo oportunidade ao Brasil de ser um grande supridor de suas necessidades.
A China teve a alternativa de comprar mais soja dos EUA, o maior produtor mundial do produto. O Brasil é o segundo maior produtor, mas o maior exportador. Supostamente por ser mais competitivo. Ou, segundo as teorias conspiratórias, para tornar o Brasil dependente dela, China. E tornar o Brasil um supridor cativo de matérias-primas baratas.
Aceitando ou não a dependência, o Brasil vem aproveitando a oportunidade de ser um grande produtor agrícola e suprir as principais necessidades chinesas de matérias primas de base agrícola.
Diante dessa realidade, em que o principal ponto forte do Brasil é a disponibilidade ainda de terras agriculturáveis - em que pesem as resistências ambientalistas - e a aplicação sucessiva de inovações tecnológicas no agronegócio, o Brasil tem que aproveitar a oportunidade para ser o principal supridor mundial de matérias primas de produção agro-pecuária-florestal.
Não pode desprezar essa oportunidade histórica que pode sustentar um crescimento econômico moderado, lento e gradual. Quando a sua indústria vem perdendo posições, por ser menos competitiva.
Não se deve desprezar ou combater a ação efetiva da agricultura, que se tornou o mais dinâmico motor da economia brasileira. Embora não o único.
Como estratégia brasileira a primeira condição é aceitar que a produção agro-pecuária-florestal será esse motor e deverá ser acionado e não contido ou execrado, como um retrocesso, que não é.
(cont)
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