Temer fica? Dória será um bom Prefeito?

São as duas perguntas mais comuns que me fazem neste final de ano. Não formulei os cenários, mas vou começar aqui a formulá-los. Como cenários alternativos.

Com relação a Temer, os cenários mais prováveis seriam:

  • "pato manco": fica até 2018, mas fraco se equilibrando numa pinguela, isolado, mas percebido pela sociedade organizada como a condição menor pior;
  • sai, e não sai: terá decisão desfavorável no TSE, com a cassação da diplomação da chapa Dilma-Temer em 2014, no segundo semestre 2017, sem uma decisão sobre a substituição. Temer recorre ao STF e não há decisão imediata, o que o mantém no cargo;
  • cai: o agravamento da crise econômica e aumento da pressão popular, com manifestações cada vez mais amplas e violentas, leva o Congresso a aprovar a antecipação das eleições diretas de 2018, que ocorreriam ainda em 2017.
Ao longo dos próximos dias irei detalhar e analisar as possibilidades de cada cenário, o que poderá levar - inclusive - a alterações das alternativas básicas.

Já em relação a João Dória, podemos - preliminarmente - desenhar os seguintes cenários:
  • melhor que Haddad, com uma gestão mais eficiente da Prefeitura, ainda que com menos recursos;
  • pior que Haddad: com pretensões e recuos, confrontos com a Câmara de Vereadores, imagem negativa na mídia e final de mandato melancólico;
  • grande sucesso: será reconhecido como um gestor moderno  e eficiente e terá pavimentada a sua carreira política para uma pretensão presidencial.
Na falta de recursos financeiros e de desafios monumentais, como os de Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, Haddad criou diversos "factóides" ou decisões polêmicas, para se manter à tona, com visibilidade na mídia.
  • ciclofaixas;
  • redução de velocidade nas Marginais;
  • cracolândia;
  • fechamento da Avenida Paulista, aos domingos;
  • etc
Dória tem maior competência e experiência que Haddad para lidar com a mídia e poderá seguir a mesma estratégia. Mas em 2020 poderá se dar conta que o "povo das Avenidas" não elege ou reelege ninguém e se não resolveu os problemas essenciais de toda a cidade, será derrotado, como foi Haddad. A derrota de Haddad não foi por ele ser petista, embora isso tenha ajudado. Foi porque ele não foi petista, na periferia onde se reune o maior número de eleitores. E não adiantou a enorme injeção de recursos na campanha, agora transformada em dívida impagável.

Dentro da mesma estratégia de uma gestão voltada para a mídia e para a opinião publicada, o seu voluntarismo e personalismo levará a avanços e recuos, conflitos com a Câmara dos Vereadores e um sucessivo desgaste político, levando-o a perda de apoio popular, isolamento e abandono. Situação essa que poderá ser agravada com o eventual fracasso de Alckmin em 2018. Mais um "sonho de noite de verão".

Dória poderá deixar de lado a sua dimensão midiática e priorizar a sua pretensão de estadista. Ainda que no primeiro ano, siga a estratégia midiática, com soluções rápidas para as maiores questões (velocidade nas marginais, eliminação de ciclofaixas, fechamento da Avenida Paulista, nos domingos, Virada Cultural) se voltará para melhor solução dos grandes problemas da cidade.  O que analisaremos mais à frente.

Deixamos aqui duas anotações, para desenvolvimento:
  • cracolândia, apesar da visibilidade, não é uma questão midiatica e requererá soluções complexas para ser eficaz: o problema não é Cracolândia, que será extirpada, mas o uso e tráfico de drogas entre a população de baixa renda;
  • a economia da cidade de São Paulo decorre da sua condição de ser a principal sede do capitalismo latino-americano. Se perder essa condição, que já está em alto risco, a cidade continuará se degradando.



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