Honestidade x combate à corrupção

Um movimento capitaneado por empresários paulistas se propõe a formar novos políticos, para se candidatarem em 2018, que deverão se comprometer com o seguinte ideário:

  •  "combate irrestrito à corrupção", 
  • "gestão fiscal responsável", 
  • "priorização do cidadão em detrimento da máquina pública", 
  • "políticas sociais que eliminem a desigualdade de acesso à educação, saúde e segurança de qualidade", 
  • "respeito às liberdades individuais" e 
  • "gestão sustentável dos recursos naturais".
Honestidade deverá ser um dos principais itens da agenda eleitoral de 2018, tanto para o cargos executivos como legislativos.

Será a mesma coisa de "combate irrestrito à corrupção"?

Honestidade é uma condição pessoal do candidato, que será apresentado, mas terá que ser percebido e aceito pelo eleitor.

Combate à corrupção é uma proposição que poderá ou não ser adotada pelo candidato. E ser real ou falsa. O meio político ainda vai lembrar do caso do Senador Demóstenes Torres um dos campeões contra a corrupção, mas que acabou sendo pego numa operação escusa. Mas tirando parte do eleitorado do Mato Grosso do Sul, poucos ainda lembram do episódio: "Demóstenes o que?".

Honestidade é uma condição passada e presente. Combate à corrupção é discurso para o futuro.

Os veteranos tem um passado público conhecido. Os novatos não tem, a menos de algum registro em ficha criminal.

Todos os candidatos se apresentarão como honestos e a favor do combate à corrupção. 

Mas há uma contradição essencial na proposta do Renova. Um dos pilares é o respeito às liberdades individuais. 

Entre elas está a presunção de inocência e a condenação prévia pela mídia, apenas por denúncias e sem provas.

A opinião publicada já fez um julgamento generalizado de que todo político, pela própria condição, é corrupto. E aceita qualquer denúncia ou indício como confirmação. Basta a citação de um delator para a sua condenação prévia, mesmo sem qualquer processo ou julgamento formal. 

E os que defendem medidas de salvaguarda contra essa presunção de culpa, o que vai contra os direitos individuais, são caracterizados pela mídia, como contrário ao combate à corrupção.

No geral, ela está certa, mas os direitos constitucionais e legais precisam ser respeitados, dentro dos princípios de que "todos são iguais perante a lei". 

Há uma tendência de forte partidarização por parte da mídia o que fere o principio colocado acima. 

Isso faz com que não haja total coincidência entre as visões e posições entre a opinião publicada e a não publicada. 

A opinião publicada acha que a não publicada é leniente e conformada com a corrupção, enquanto que a não publicada acha que a mídia é parcial, está sempre em busca de notícias de impacto e exagera. 

E que as acusações são sempre dos adversários. A reação da opinião não publicada e, até parte, da publicada, em relação à Lula, bem caracteriza essas diferenças. 

Lula não mantém o mesmo prestígio anterior, há movimentos mesmo dentro da opinião não publicada que o caracterizam como "ladrão", "vagabundo", mas o apoio favorável é ainda maior que as reações desfavoráveis. E a falta de provas materiais ajuda na sua defesa. 

Como os novatos que se apresentarão como "combatentes irrestritos da corrupção" poderão ganhar os votos dos eleitores que ainda preferem os veteranos, suspeitos, mas que promovem ações efetivas a seu favor. 

Há indícios de que o "rouba mas faz" está sendo substituido pelo "rouba mas me ajuda", secundarizando o fator corrupção, dentro da população de menor renda ainda despojado de um bom atendimento público generalizado. 

As pesquisas sobre a visão da população em relação aos políticos, não bate com as de intenção de votos. 

Apenas com o discurso de "combate irrestrito da corrupção" poderá ser insuficiente para ganhar "corações e mentes" dos eleitores e, consequentemente, o seu voto.

As pesquisas sobre as prioridades da população não colocam o combate à corrupção, no topo. Já cresceu, aparece no G4 em algumas pesquisas, mas saúde e segurança estão no topo. 

Combate à corrupção é e será muito importante nas eleições de 2018, mas não será um diferencial importante para os novatos derrotarem os veteranos. A menos dos veteranos notoriamente corruptos ou desonestos que serão derrotados pelos seus próprios eleitores, por perda de credibilidade. 

(cont)











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