Revoluções industriais e verdes (3)

A indústria brasileira se debate em redirecionar o seu mercado, orientar a produção para o mercado mundial. Isso não é um problema para o agronegócio. Esse sempre esteve voltado predominantemente para o mercado externo o que tem assegurada a continuidade do seu crescimento. 

Dentro dessa visão, o agronegócio brasileiro está numa condições muito favorável.  De uma parte tem um amplo mercado mundial, em constante crescimento e de outro ainda é altamente competitivo nos seus principais produtos.

Os estudos prospectivos, particularmente o da FAO - organismo das Nações Unidas que cuida das questões alimentares - indicam ainda um crescimento demográfico, um crescimento crescente de alimentos e a persistência da subnutrição em 2050. 

O mundo tem fome, mas o suprimento alimentar dependerá das condições de competitividade de cada país, em produzir e entregar produtos de qualidade, dentro das cotações internacionais.

As commodities agrícolas são negociadas e tem preços definidos em bolsas internacionais de mercadorias, com preços básicos, bônus e deságios em função da localização dos portos e da qualidade dos grandes lotes.

Descontados os custos logísticos o que sobra é do produtor e esse valor residual deve ser o rentável para o produtor, considerando os custos de produção. Se for rentável ele irá investir os ganhos em aumento da produção. Se for continuamente deficitário, acabará desistindo. 

No conjunto, a competitividade do produto será dada  pelo valor recebido pelo produtor, confrontado com os seus custos.

A produção brasileira de grãos - um dos principais produtos agrícolas, tanto para fins alimentares como de energia - é altamente competitiva dentro das fazendas, em função de condições favoráveis do solo, do clima e da ampla introdução de tecnologias, nas diversas fases do processo produtivo. Isto é, consegue produzir com custos baixos e relativamente por muito menos que seus concorrentes diretos. No caso da soja os EUA e a Argentina.

Porém a rentabilidade que os incentivará a seguir produzindo e até ampliar a produção, dependerá do valor que ira receber, descontados os custos logísticos. As contas não são agregativas, mas de desagregação a partir das cotações internacionais.

Para obter maior rentabilidade na sua produção agrícola, o Brasil precisa prover sistemas logísticos eficientes aos produtores, para que não comprometam a sua rentabilidade dos produtores.

A carência da infraestrutura logística representa tanto uma ameaça como uma oportunidade.

Para o agronegócio é uma ameaça. A carência da infraestrutura pode comprometer a rentabilidade do produtor, resultando na retração das áreas plantadas e nos investimentos. O resultado final será a estagnação ou até mesmo a redução da produção.

Para os provedores privados dos serviços de transportes e também dos investimentos na infraestrutura, mediante concessões, será uma boa oportunidade de negócios, com uma demanda continuada. 

Para o Governo que deseja ampliar e acelerar as concessões de serviços públicos, tendo em vista estimular a realização de investimentos e gerar empregos, os empreendimentos para atender ao agronegócio seriam os com maior atratividade.

A condição principal de atratividade de uma concessão, para o setor privado, está nas perspectivas de demanda. É a demanda que poderá proporcionar a rentabilidade adequada para o negócio. É a condição essencial. A partir da existência da demanda deverão ser planejadas as condições técnicas, financeiras, ambientais e jurídicas. 

As primeiras concessões de rodovias foram, na prática, privatizações de serviços já existentes, com obrigações do concessionário em melhorar e ampliar a infraestrutura e prover os serviços. E criou paradigmas não aplicáveis às concessões em áreas novas ou de sistemas ainda inexistentes. Os chamados "greeen field".

As concessões "brown field" já contam com uma demanda prévia, assim como uma ocupação territorial no seu entorno. As concessões "geenfield" ocupam áreas novas e precisam estruturar os espaços do entorno.













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