Os partidos dos grotões

Os pequenos (entre 10 a 50 mil eleitores) e micro (até 10 mil eleitores) municípios somados representam 5.125 unidades. As preferências eleitorais nesse conjunto dão uma impressão distorcida do poderio relativo dos partidos.

A menos de pequenas cidades que fazem parte de regiões metropolitanas a maioria é de Municípios isolados e ainda com significativa participação da população rural ou dependente da produção rural.

Os dois principais vencedores dos pleitos de 2016, tem posições divergentes conforme o critério. Pelo número de Prefeituras conquistadas o PMDB sai disparado na frente com 1.029. O PSDB fica em segundo, distante, com 793. Já pelo número de eleitores que irão governar, o PSDB sai à frente com 26,8% superando largamente o PMDB que fica com 17,4%. Nos terceiro e quarto lugares ocorre o mesmo fenômeno. O PSD tem mais Prefeitos eleitos do que o PSB, mas um percentual menor de eleitorado que irá governar.

O grande número de Prefeituras conquistadas baseadas nos estratos de pequeno e micro municípios demonstra a capilaridade partidária e tem grande importância para as eleições legislativas, e menor relevância para as eleições majoritárias que ocorrem para os Executivos.

Dai a razão pela qual PSDB, com o PT, disputaram a preferência majoritária do eleitorado e o PMDB, apesar de ser - aparentemente - o maior partido brasileiro, nunca conseguiu eleger diretamente um Presidente da República, tendo assumido por 3 vezes por incidente com o Presidente eleito. Mas, por outro lado, em função do sistema político, elege as maiores bancadas no Senado e na Câmara dos Deputados, sendo fundamental para a governabilidade. Em função disso o PMDB busca sempre a composição com o partido majoritário, em volume de votos.

A grande mudança ocorrida em 2016, foi o enorme desmoronamento ou "derretimento" do PT, que disputava com o PSDB o primeiro lugar em eleitorado a ser governado e o segundo em quantidade de prefeitos eleitos. Agora em 2016 amarga o 10º lugar em ambos os critérios, ficando abaixo do PTB, mas ainda superando o PPS. Caiu de 638 Prefeituras conquistadas em 2012, para 256. E só irá governar 4,4% do eleitorado.

É um quadro geral que deixa do PT sem "cacife" para disputar as eleições majoritárias de 2018, a menos de uma surpreendente "virada", com um nova e forte liderança carismática. Que não é Lula, um dos mais desgastados nas eleições de 2016. Lula-Fênix não é impossível, mas pouco provável.

Ao longo dos 13 anos do Governo o PT e Lula promoveram a criação e desenvolvimento de novos partidos, seja para tentar destruir os adversários como enfraquecer aliados incômodos e organizar um sistema hegemônico com o PT no centro e vários satélites dependentes dele.

Foram bem sucedidos no esvaziamento do DEM, que do partido com o maior número de Prefeituras, em 2000 disputando a primazia com o PMDB, foi inteiramente esvaziado, conseguindo agora em 2016 apenas 264 ou 265 Prefeituras (dependendo de quem somou), superado pelos seus principais adversários promovidos pelo PT: PP, PR e, principalmente pelo PSD. Este criado e promovido na tentativa de substituir o PMDB, como aliado estratégico. O PSD alcançou em 2016, 537 Prefeituras, das quais 215 nos municípios pequenos e 294 nos micro municípios. Com apenas 26 nos municípios médios e 2 nas grandes, entre elas João Pessoa, com a reeleição de Luciano Cartaxo, eleito em 2012 pelo PT.

O PSD ocupou plenamente o espaço do DEM, esvaziado por ter se mantido na oposição. Voltando a ser situação, tenderá a uma recuperação. O que não será fácil porque seja o PSD, como o PP e PR também não estão na oposição.

2018, provavelmente marcará uma recomposição do arco do centro e centro direita, com alguma recuperação do DEM, principalmente na Bahia onde tentará recuperar o terreno perdido, neste caso, para o PT, que também se derreteu. Mas o espaço foi ocupado pelo PSD e pelo PP.

Para enfraquecer o PSDB o PT incentivou o crescimento do PSB, mas quase foi "engolido" por este com a candidatura de Eduardo Campos. A morte dele levou à divisão do partido, com uma parte permanecendo mais à esquerda, aliada ao PT e outra se ligando mais ao PSDB.

O PT na sua investida de ampliar o leque de partidos, conseguiu um enfraquecimento do PMDB em 2012, em relação à 2008. Ficou abaixo do patamar de 1.000 Prefeituras, o que agora recuperou, conquistando 1027 ou 1029 Prefeituras. (As diferenças decorrem das contagens das coligações). Desse total 352 foram em pequenos municípios e 617 em micromunicipios o que mantém o PMDB como o campeão absoluto dos "grotões". Supera, dessa forma por larga margem o PSDB no número de Prefeitos eleitos, mas não no número de votos, tampouco dos eleitores a serem governados. O que mais uma vez explica porque o PMDB tem a maior bancada no Congresso e nunca consegue eleger um Presidente da República.

O PT não só se "desmilinguiu" no total dos Prefeitos eleitos, como se tornou um partido dos "grotões". Do total de 257 prefeitos eleitos pelo partido, 96 são de municípios pequenos e 147 de micro municípios. Ou seja, 95% dos prefeitos do PT eleitos em 2016 foram nos "grotões". Do que resulta que irá governar apenas 4,4% do eleitorado, ficando atrás de seus antigos aliados como o PDS, PP, PR e PTB e também do PDT que ainda se mantém aliado.

O quadro de 2018 poderá ser diferente, mas algumas tendências deverão continuar.

(cont)







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