Os impactos da supersafra no PIB

O Brasil, neste ano de 2017, produziu uma supersafra agrícola, mas os seus efeitos sobre o PIB tem sido minimizados ou menosprezados pela maioria dos analistas econômicos. Fernando Montero, em entrevista ao Valor é uma das vozes isoladas, indicando os seus efeitos. Que aqui procuremos complementar.
O efeito inicial foi na produção, com aumento no primeiro trimestre de 2017, cerca de 12% sobre o mesmo período do ano anterior, mas com efeito diluido sobre o PIB, em função da sua baixa participação relativa. Mesmo assim contribuiu para uma evolução positiva do PIB, ainda que ínfima, mas quebrando a sequência negativa desde o segundo trimestre de 2014. No segundo trimestre embora tenha apenas sustentado o mesmo nível do anterior, no acumulado de 4 trimestres, alcançou um crescimento de 6,2%. Ainda insuficiente para uma reversão completa da trajetória do PIB.

O principal efeito da supersafra no segundo semestre foi o impacto sobre a inflação, com a desinflação nos preços dos alimentos. A queda só não foi maior pela resistência dos preços altos nas carnes bovinas e nos lácteos. Associado à liberação de depósitos inativos do FGTS refletiu na pequena recuperação no comércio. 

O grande aumento da produção de grãos de soja, foi destinada às exportações, com aumento residual no processamento interno. Dessa forma não aumentou significativamente a atividade industrial. O seu principal efeito na cadeia produtiva foi na maior movimentação do transporte, que se refletiu na conta dos serviços. A recuperação dos serviços no segundo trimestre de 2017 foi, principalmente, decorrente da maior movimentação da safra agrícola. 

Ainda no segundo trimestre, mas principalmente no terceiro, chegou o efeito derivado do crescimento da massa salarial do agronegócio. Com a ampla modernização na produção de grãos, a participação da mão-de-obra é menor e fortemente concentrada. 

Mas ainda uma grande parte da produção agrícola é gerada pela agricultura familiar que também foi beneficiada pelas condições climáticas favoráveis. Os gastos dos trabalhadores no comércio se transformariam no principal fator de quebra da inércia negativa para reverter em positiva. Isto estaria ocorrendo no centro-oeste e em outros grandes polos de produção agrícola, com o aumento de empregos, principalmente no comércio. 

Os indícios são de que o impacto da supersafra agrícola de 2017 afinal chegue a comércio, no terceiro trimestre. Sem a confusão com o suposto efeito da liberação do FGTS que tem levado a láurea de promotor da retomada. 

As diferenças regionais mostram impactos diferentes dos diversos motores. 





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