Os efeitos "para trás" da extração de petróleo

Tomando por base a atividade de extração de petróleo, a cadeia produtiva se estende para frente e para trás. Na extensão dianteira a primeira etapa subsequente é o refino, analisado no artigo de ontem.
Na extensão traseira estão os setores fornecedores da atividade. O que nas contas nacionais são caracterizadas como consumo intermediário. Cujo valor é deduzido do da produção para chegar ao valor adicionado.
É também o centro da discussão sobre conteúdo local, uma vez que o objetivo pretendido pela política pertinente é assegurar uma participação nacional nesse consumo intermediário. 
Do total de R$ 217 bilhões de produção na atividade de extração de petróleo, R$ 87 bilhões foram utilizados pelo consumo intermediário, resultado num valor adicionado de R$ 130 bilhões e emprego de 72.548 empregos.
Dos 87 bilhões de reais, uma parte significativa é interna, isto é, de insumo da própria cadeia produtiva. O petróleo participa com R$ 10 bihões do consumo intermediário. Somando-se aos produtos refinados e petroquímicos os insumos dentro da própria cadeia do petróleo chegam a R$ 31 bilhões. O setor se autoalimenta.
Embora seja um setor intensivo em capital a participação direta das máquinas e equipamentos. Isso decorre de um subterfúgio na utilização das plataformas de petróleo - principal equipamentos para a exploração e produção. A Petrobras, como as demais petroleiras não adquirem e ficam proprietárias desses poderosos equipamentos. Esses são afretados de empresas especializadas na aquisição e locação, todas instaladas no Exterior.
A Petrobras tem uma subsidiária no exterior, que adquire a plataforma que manda fabricar e montar e a loca para a Petrobras produtora de petróleo, isto é, operadora dos campos de produção.
Dessa forma o consumo intermediário não aparece como "máquinas e equipamentos", mas como alugueis não imobiliários, que nas contas do PIB, corresponderam a R$ 15 bilhões, em 2014.
Outro destaque no consumo intermediário é dos serviços profissionais especializados entre os quais os serviços jurídicos e consultorias consumiram R$ 7,4 bilhões de um total de R$ 10,5 bilhões. Os serviços de engenharia entraram com R$ 2,5 bilhões, bem abaixo dos serviços jurídicos.
A maior participação dos serviços é da logística, compreendendo um consumo total de R$ 17,3 bilhões, com destaque para o transporte aquaviário, com R$ 7,3 bilhões.

Essa conformação dos fornecimentos para a atividade de extração de petróleo, faz com que a indústria de máquinas e equipamentos defendam o conteúdo local segmentado. 

Se o índice for geral, poderá ser inteiramente atendido pelos serviços, com participação mínima ou zero da indústria instalada no Brasil. 

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