Onde a coisa virou e como retomar?

O processo econômico é um fluxo contínuo, circular que pode começar e terminar no mesmo patamar (estagnação) alcançar a cada volta  um patamar superior (crescimento) ou cair a um patamar inferior (recessão). Esse movimento pode ter um sentido e mudar a partir de um momento provocado por um ou mais eventos conjugados.

O circuito econômico, com uma direção ascendente, ainda no início do primeiro mandato da Presidente Dilma foi mantido nessa direção por medidas paliativas ou artificiais, principalmente pela contenção do câmbio e importação de produtos mais baratos, contenção do preço dos derivados de petróleo, manobras para redução das tarifas de energia elétrica e outras para conter a carestia e manter os níveis de compras dos consumidores finais: o que a contabilidade nacional (a conta do PIB) caracteriza como consumo das famílias.

Numa economia como a brasileira, predominantemente voltada para o mercado interno de consumo, o fator mais importante para a dinâmica do consumo é a estabilidade dos preços na ponta final, ou seja, no que o consumidor paga. E para ele inflação é percebida como carestia: "está tudo muito caro". E se está mais caro, ele reduz as compras. Reduz as quantidades. Há uma contração física que resulta na redução da produção.

O processo econômico brasileiro é puxado pelo consumo das famílias. Mesmo o investimento é dedicado a aumentar a produção interna para suprir o mercado interno. A exceção são as commodities, tanto minerais como vegetais e animais.

As medidas específicas para conter a carestia foram se tornando insustentáveis, por onerar demasiadamente as contas do Tesouro Nacional, mas foram mantidas até o final de 2014, por razões eleitorais.

Mas no novo mandato da Presidente Dilma, foi promovido um choque para eliminar subsidios o que resultou numa elevação dos preços da gasolina e do diesel, da eletricidade, com impactos sobre os preços finais dos bens de consumo. O Governo liberou o câmbio o que resultou num grande salto e encareceu os produtos importados que, pelos seus preços mais baixos, sustentavam a dinâmica das compras dos consumidores finais e do comércio. A concorrência externa inibia os aumentos de preços dos produtos nacionais.

A contrapartida da nova política macroeconômica do Governo foi aumentar a taxa de juros, para a contenção da inflação. Um remédio que não conseguiu conter a inflação, apesar de provocar a inflexão do circuito econômico, passando da estagnação para a recessão.

A redução do consumo final, em termos físicos, provocou uma redução no movimento do comércio que com isso fechou lojas e demitiu empregados. Provocou a redução da produção industrial que também com isso demitiu empregados.

O volume total de empregos e da massa salarial caiu e, consequentemente, caiu mais ainda o consumo das famílias.

Apesar desse processo de redução do fluxo econômico, com aumento do contingente de desempregados, a economia brasileira ainda tem um estoque da ordem de 90 milhões de trabalhadores ativos, dos quais metade é empregado formal (celetista ou servidor público) que representam uma massa de R$ 170 bilhões mensais, disponíveis para consumo e para poupança. Essa massa vem decrescendo, mas ainda representa um enorme mercado, uma grande base de demanda para puxar a produção.

Com a redução da carestia, essa massa voltará a comprar maior volume de produtos, reanimando o comércio e elevando as encomendas às indústrias. 

Será um processo lento, com as estimativa dos analistas de que só comece a ocorrer a partir de 2017. 2016 seria ainda um período de ajuste da contenção inflacionária. 

Os economistas e seus adeptos se preocupam com as metas de inflação e levar o indicador ao centro da meta. Os consumidores querem saber das metas  ou limites de compra dentro do seu parco orçamento. 

O problema é que estando em curso um circuito recessivo da economia, quando mais demorada a reveersão, menor a base para reinicia a recuperação. O que poderá significar maior tempo para tal.

Diante desse quadro há duas alternativas básicas de política econômica:
  1. seguir apenas com as medidas macroeconômicas, aguardando que o mercado, naturalmente, se ajuste;
  2. adotar medidas para a inflexão antecipada do circuito econômico

A demora da recuperação natural agrava os problemas sociais, fomentando a tentação de medidas pontuais para a aceleração que poderão resultar em consequências piores.

As medidas de aceleração deverão ocorrer do lado da demanda.

Uma delas é ampliar a participação na demanda externa, o que significa dizer, exportações. Dessa trataremos em outro artigo.

A outra é dinamizar o consumo interno. O principal mecanismo proposto pelo Governo é o crédito ao consumidor para que ele aumente as compras, antecipe as compras e dinamize o consumo.

A outra alternativa é o crédito seletivo para determinados setores ou produtos, o que envolve sempre o risco de graves distorções. Essa podem causar efeitos inversos ao desejado.

Mas será a saída. 

Dentro da demanda interna, outro "puxador" da produção seriam os investimentos. Mas esses estão também em compasso de espera pelo enfraquecimento do consumo, da defasagem dos juros das aplicações financeiras e dos investimentos produtivos.

A contenção da taxa de juros básica terá um efeito indireto de conter a migração das poupanças para aplicações financeiras em vez dos investimentos produtivos.


A partir daqui é novo (dia 19 de fevereiro de 2016)
 
A retomada do dinamismo da economia, revertendo o fluxo descendente para o ascendente está contenção da redução do estoque de pessoal ocupado e elevação do consumo familiar.

É preciso considerar duas estratégias, temporalmente diferentes: uma é emergencial, para estancar a sangria, outra é de sustentabilidade.

Para estancar a sangria, uma medida, já proposta pelo Governo é a utilização do FGTS como garantia para aumento do crédito consignado. Deve ser feito, mas limitada à multa de 10% por rescisão imotivada. 

O estratégico é apoiar as atividades com maior contingente de trabalhadores ocupados, não são de celetistas, mas também por conta própria. Nesta crise, o problema maior não é a relação de emprego, mas a renda do trabalhador.

Na indústria, esses estão no setor de vestuário e nos serviços ....     



             
     



 

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