O problema de moradia da miserabilidade no curto prazo (3)

O corpo de bombeiros, sempre elogiável no combate ao fogo, com muito heroismo, seria omisso em relação aos riscos? Deveria ser mais atuante nas ações prévias? Por que seria exigente nos edifícios formais e leniente com as ocupações ilegais.

Ele poderia exigir dos ocupantes o cumprimento das exigências legais, mas isso seria considerado validação de uma ocupação ilegal. Fica sujeito a grande críticas por parte de autoridades e segmentos da sociedade, contra as invasões e a leniência com as ações ilegais dos movimentos dos sem teto.

Tem dificuldades de ingressar nos edifícios sob risco, com as barricadas dos moradores. Pode fazer uma série de exigências, de acordo com a lei. Mas sabe - de antemão - que é inútil. Os moradores não vão cumprir. Quando muito podem aceitar algumas orientações. 

Deveria então interditar a ocupação exigindo a retirada da população ou o impedimento do acesso? A quem caberia efetivar essa interdição? Seria a Prefeitura, mas em vários outros casos, os invasores quebraram as barreiras, voltaram a ocupar. A saída é o recurso judicial e o uso da polícia. O que também tem a oposição dos defensores dos direitos humanos e do direito à moradia. 

A curto prazo não há perspectivas de melhoria significativa do emprego e do trabalho. O centro continuará com o seu "exército de miseráveis". Uma parte poderá ser exilada para as periferias distantes, alguns poucos poderão retornar às suas origens, mas a maioria continuará no centro. Desalojados de alguma invasão buscarão outras. 

Esse é principal e real problema da moradia no centro. Não é moradia popular. É moradia da miséria. O que muitos não aceitam usando uma série de eufemismo. Ou buscando os culpados do incêndio e desabamento do Paes de Almeida. 

E se existem 700 ou mais imóveis com ocupação irregular, não adianta desocupá-los, porque os moradores "não tem para onde ir" e deslojados irão invadir outros. Se houver cerco no centro, se espalharão pelos bairros, onde houver imóveis desocupados. Desocupação é "enxugar gelo". 

O combate à cracolândia é um exemplo vivo. O aumento dos dependentes na Avenida Paulista é um resultado efetivo da descentralização da grande cracolândia, com a formação de diversas mini-cracolândias.

O que fazer então, se continuará persistindo o "exercito de miseráveis" ou de desamparados no centro de São Paulo?

(cont)


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