O perfil dos novatos (2)

Há atualmente uma opção instrumental ou metodológica, para as campanhas eleitorais,mas na prática restrita. E também muito questionada depois da interferência russa na campanha presidencial norte-americana. Os novatos estão fascinados com o suposto poder da rede social e se concentrarão no meio virtual. 
Poucos se dedicarão aos tradicionais métodos presenciais. Como visitar pessoalmente os seus potenciais eleitores, tomar um cafezinho excessivamente doce, com eles, comer pastel, ouvir as reivindicações, beijar as criancinhas, etc. Por princípio e até por temperamento deverão evitar essas práticas, tipicas dos veteranos.

Mas os veteranos conquistam votos de eleitores, com essas práticas. E como os novatos vão fazer com que esses deixem de votar nos veteranos presenciais para votar neles, que só existem virtualmente para os eleitores?

Precisarão fazer anticampanhas de desconstrução dos veteranos, para que abram espaço para a sua escolha ou dos demais novatos. Se não houver abertura de espaço para os novatos, os veteranos serão reeleitos e continuarão ocupando os espaços. A renovação será mínima. Ou como dizem os economistas, marginal. Isto é, na margem, nas sobras.

A percepção que anima os partidos novos e os candidatos novatos é que a "lava-jato" e sua ampla difusão pela mídia, se encarregou de abrir o espaço. Não seria necessária qualquer anticampanha específica para a desconstrução da imagem dos veteranos. 

O eleitorado brasileiro já estaria cansado e indignado com os políticos atuais e não estaria mais disposto a renovar o voto nos veteranos.

Mas os veteranos não estão aceitando passivamente toda essa movimentação social contra eles. 

Estão promovendo medidas legais para melhorar a sua condição de reelegibilidade. A principal seria a criação do fundo eleitoral, para irrigar as suas campanhas tradicionais. Tais recursos não chegariam aos novatos e favoreceriam os veteranos.

Um dado preocupante do amplo uso da rede social nas campanhas políticas está nas notícias falsas, nos "fakes" e nas pós verdades.

Nas campanhas tradicionais pelos jornais, revista, televisão e rádio, os autores das mensagens são conhecidos e podem ser punidos imediatamente.

Na rede social, o anonimato e a demora de identificação do autor pode causar prejuizos irreparáveis à imagem do candidato, sem que possa ser coibida, de pronto.

Qualquer medida restritiva que venha a ser estabelecida poderá ser caracterizada como censura. 

Os novatos podem ter grande apoio dos "hackers", mas poderão ser vítimas dos mesmos.

O risco é que com a ampla liberdade de manifestação, associada ao anonimato, as batalhas pela internet sejam violentas e sujas. 

Os novatos e os renovadores estão contando muito em usar o poder das redes sociais, mas podem ser vítimas de poderosos contra-ataques, experimentando o próprio veneno. A partir de centros instalados no exterior. 

A reportagem publicada no Estadão de domingo, sob o título "Na web, 12 milhões difundem fake news políticas", (17/09/2017, pg A 12) é extremamente preocupante.

(cont)


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