O medo venceu a confiança

A economia brasileira se movimenta em torno do seu mercado interno. A participação das transações comerciais com o mercado externo é relativamente pequeno. Pode até alavancar um movimento positivo, mas não se sustenta se não houver a reação do mercado interno.
O mercado interno brasileiro foi travado na sua dinâmica e, com isso, entrou em curva descendente que caracteriza a crise atual. 
Decorreu de uma perda de confiança dos consumidores, produtores e outros agentes econômicos no futuro, em função da guinada das políticas e das ações do novo governo, contrariando o que havia exposto e prometido durante a campanha.
A disseminação da perda de confiança fez com que a crise se ampliasse e só haverá reversão na dinâmica econômica quando a confiança vencer o medo.
Os agentes econômicos brasileiros se acostumaram a depender das ações e das sinalizações do Governo, mesmo que a interferência real desse seja pequena nos seus negócios e nas suas decisões.
Como eles reagirão diante da mudança precoce do Governo eleito em 2014?

A essa altura dos acontecimentos o afastamento temporário da Presidente parece ser inevitável, sendo apenas uma questão de tempo para os procedimentos regimentais dentro do Senado. Ainda em maio a sessão plenária do Senado terá aprovada a admissibilidade do julgamento e, com isso, a Presidente será afastada, por pelo menos 180 dias. Caberá então ao Senado processar o julgamento para uma decisão sobre a perda definitiva do mandato, ou pela absolvição, com o retorno da Presidente ao seu cargo. 

Os procedimentos em curso darão novas oportunidades para as manifestações da acusação e da defesa, mas nenhuma das duas partes tem argumentos novos, além do que já foram apresentados no processo quando tramitou na Câmara dos Deputados. As manifestações prévias dos Senadores indica que os votos a favor do impeachment já são mais do que suficientes para aprovar o afastamento temporário.

A votação, no entanto, poderá dar uma indicação mais segura em relação à votação do julgamento final. Mas a tendência é fortemente favorável ao impeachment, com a Presidente sem capacidade de reversão no meio político.

A sua esperança ainda reside em recursos ao STF e à mobilização nas ruas. 

Apesar das tendências a recuperação da confiança ainda pode ser demorada. E tende a ser progressiva, podendo "explodir" com o afastamento definitivo.

O consumidor deverá continuar reticente, segurando os gastos, segurando as compras, com receio do desemprego futuro, da perda de renda futura. E com isso torna a profecia auto-realizada. Uma pequena parte buscará aproveitar as oportunidades de compras a preço de liquidação. A dinamização do consumo dependerá da contaminação desse comportamento de retomada das compras.

Já os agentes produtores terão duas reações distintas:
  • de uma parte os cautelosos, que deverá ser a fatia maior, que irá esperar um pouco mais, até que a conjuntura e perspectivas fiquem mais claras;
  • a outra que apostará na retomada e irá produzir mais e formar estoques para atender a um esperado (por eles) boom de consumo. 
Mais uma vez a questão principal será a contaminação dos novos comportamentos, o que dependerá de indicadores usualmente considerados pelos agentes econômicos: o mercado de automóveis e o de imóveis. No primeiro muito vinculado aos empregos. 

Se esses mercados sinalizarem uma mudança de tendência poderão conduzir os demais. Existe a possibilidade de um "efeito manada". E que decorrerá de uma "virada da noite para o dia".

A votação da sessão 
 

 

 

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