O futuro do Brasil está no desenvolvimento do agronegócio, mais especificamente da sua agricultura e pecuária.
Essa perspectiva arrepia muita gente que vê nisso um retrocesso. Uma volta do Brasil antes dos anos cinquenta, quando o motor da economia era a agricultura do café e da cana de açúcar.
Primeiramente ver o processo como retrocesso é uma visão retrógrada e extemporânea: é de ver a economia moderna, com todas as transformações havidas, pelas lentes dos anos cinquenta.
A agricultura brasileira é hoje 4.0, com a incorporação sucessiva de inovações tecnológicas. O grão de soja brasileiro tem conteudo tecnológico relativo maior que a quase totalidade dos produtos industriais produzidos no país. Disputa essa posição com o avião da EMBRAER (sempre citada como exemplo da modernidade), com a diferença que esses são determinados em unidades ou quilos, enquanto a soja tem como unidade milhão de toneladas. Ou bilhão de quilos. A indústria brasileira, em grande parte, ainda está no estágio 2.0, não tendo competitividade mundial, diferentemente da soja, que é a altamente competitiva, pela conjugação de fatores favoráveis e pela intensa incorporação de tecnologia.
Outra visão conservadora é de que o Brasil deveria cuidar e produzir mais produtos de maior valor agregado.
Essa colocação simplista diz que o Brasil em vez de exportar grão de soja deveria exportar mais óleo de soja, um produto já industrializado, cujo valor por tonelada é superior ao do grão. Ou não deveria ser um exportador de café em grão, para depois importar o mesmo café em sachês ou capsulas de muito maior valor por quilo ou grama.
A questão é que quando se busca a agregação de valor se agrega também custo. E ai o produto precisa ser competitivo, em custo e em qualidade.
Nos produtos industriais básicos a agregação de valor se faz pelo processamento das matérias primas, adicionando custos. Quando o acréscimo de custos é superior ao do valor, o que é chamado de "rendimento marginal negativo", não é um bom negócio. Em outros termos, agregar valor não aumenta os lucros, mas gera prejuízos. Isso é, o que aconteceria com o aço brasileiro. O minério de ferro brasileiro seria competitivo mundialmente. Mas como outros
países conseguem transformar esse mesmo minério em aço, com custos menores, tem resultado que o aço brasileiro, perde competitividade.
A indústria brasileira peca pela falta de eficiência. Tornou-se um motor velho e sem potência. Perdeu condição de puxar ou empurrar o crescimento da economia como um todo. Descapitalizou-se e não tem recursos próprios para se recuperar. Parte da sua renda é apropriada pelo Estado, na forma de tributos.
Já a agricultura está capitalizada, transfere muito pouco da sua renda para o Estado e, dessa forma, é o motor de dinamização da economia.
Pode não ser a melhor opção, mas é a disponível, no momento.
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