A crise brasileira não decorre da incompetência da Presidente, dos seus erros na condução da economia, do desvendamento (ainda parcial) do maior esquema de corrupção do mundo, ou da disputa de poder entre o PT e agora o PMDB, o seu tradicional parceiro. Esses são apenas sintomas perceptíveis de uma crise estrutural. Do colapso de um modelo de nação, escolhido, ajustado, mas que prevaleceu ao longo de muitos anos, até se esgotar nos anos recentes.
Na dimensão econômica a grande opção foi estruturar uma economia voltada para o mercado interno, tendo a indústria como o "carro chefe".
Para viabilizar esse modelo foi implantado e desenvolvido um parque industrial protegido por barreiras alfandegárias e não alfandegárias. Com a abertura de frestas nessa barragem, a indústria brasileira entrou em decadência e, mantendo a condição de "carro chefe", está levando a economia como um todo "ladeira abaixo".
A crise conjuntural da economia brasileira decorre da tentativa do Governo, em sucessivas gestões, tentar conter essa decadência, através da sustentação da demanda interna.
Foi agravada pela tentativa de salvamento do mercado interno, por medidas artificiais e "pedaladas fiscais", que não surtiram efeito, apesar de terem custado muito caro. Com a reversão da política econômica, buscando o ajuste das contas públicas, foi acelerada a trajetória descendente, trazendo o nível da crise aos patamares atuais, cujo principal indicador é o nível de desemprego.
Qualquer saída conjuntural dependerá de uma improvável reanimação da demanda interna. A grande expectativa está no nível de confiança dos agentes econômicos. Poderá não ser suficiente.
A saída estrutural está numa reindustrialização voltada para o mercado mundial. "Refundar" a indústria brasileira para inserí-la nas cadeias globais de suprimento.
Não é como se imagina e se propala a inserção da indústria brasileira nas cadeias produtivas globais, porque ela já está inserida. Está inserida como elo final de produção de bens industriais destinados ao mercado interno.
As empresas industriais brasileira, tanto as nacionais como mulitinacionais, importam produtos industrializados, sejam insumos, peças, componente e outros, para a montagem ou produção final no Brasil e venda no mercado interno. Por isso a maior parte das importações brasileiras é de produtos industriais intermediários. Incluindo nessa conta os equipamentos industriais. Significa uma inserção nas cadeias globais de produção.
Porém o Brasil, diferentemente de outros países emergentes que vem se desenvolvendo não importa para exportar. Importa para usar ou consumir internamente. Com o mercado interno em retração, importa menos. O que explica, em parte, os superávits comerciais (exportação menos importações) ora verificados.
O indicador importante não é o saldo, mas a evolução das exportações de industrializados que continua abaixo dos níveis anteriores, principalmente do ano de 2013, o pico das exportações de industrializados.
A saída estrutural da crise econômica brasileira está numa reindustrialização voltada para a inserção da indústria brasileira nas cadeias globais de suprimento.
Ver o que não é mostrado - Enxergar o que está mostrado Ler o que não está escrito Ouvir o que não é dito - Entender o que está escrito ou dito
Assinar:
Postagens (Atom)
Lula, meio livre
Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...
-
Carlos Lessa - ex presidente BNDES As políticas públicas verticais focam partes ou setores específicos da economia, tendo como objetivo ...
-
Paralelo 16 é uma linha geográfica que "corta" o Brasil ao meio. Passa por Brasília. Para o agronegócio significa a linha divi...
-
Em todas as grandes (e mesmo médias) empresas dominadas pelos executivos homens, as mulheres que alcançam os postos gerenciais tendem a se r...
Nenhum comentário:
Postar um comentário