O alcance da opinião publicada

A opinião publicada está muito indignada com os últimos acontecimentos políticos, em que vem sendo "derrotada" sucessivamente. 
E não entende porque os políticos não dão a devida atenção a ela e continuam manobrando indecentemente. Agora, dentro do esperado, não aprovaram a prisão dos principais líderes do PMDB no Rio de Janeiro. Ao contrário do que ocorreu no episódio de Delcídio do Amaral.

Não entende, como é expresso nas colunas e manchetes dos jornais e revistas, por não querer aceitar a realidade. 

Acha que é a opinião pública, menosprezando a opinião não publicada que é, quantitativamente, muito maior e tem o poder de decidir a eleições democráticas.

A opinião publicada só se transforma em opinião pública quando consegue envolver ou contaminar a opinião não publicada. O que é incomum, mas não impossível. A opinião publicada está sempre contando com esse incomum, achando que é o usual. Não é. E as pesquisas que apontam Lula na preferência dos pesquisados para a Presidência de República, indica que o momento incomum, com o ápice da Operação Lava-Jato, que ocorreu ao longo da campanha eleitoral municipal de 2016, já não persiste. A opinião não publicada, mais uma vez, se afastou da publicada. Não segue as mesmas posições.

As circunstâncias já são diferentes. Os analistas políticos percebem, mas não tem boas explicações. Porque não aceitam a existência de uma opinião não publicada, que para os políticos é a mais importante, em período eleitoral.

O ciclo político oscila sempre entre a safra e a entressafra. Safra é o período eleitoral onde ele tem que colher o número suficiente de votos para se eleger e o necessário para ter força política. Entressafra é o período que entremeia as campanhas eleitorais, podendo ser de 1,5 a 3,5 meses.

Na entressafra o político tem que atender prioritária ou totalmente a opinião publicada. Sua atenção toda é voltada para o que a mídia irá publicar sobre ele e afetar a sua imagem diante da opinião publicada.

A autorização para a prisão do então Senador Delcídio do Amaral e sua cassação, pelo Senado, ocorreu na entressafra. 

Os senadores e os políticos - em geral - não estavam preocupados com a sua base eleitoral, mas com a pressão popular de Brasília. Principalmente a pressão dos batalhões de jornalistas e fotógrafos que fazem a cobertura do Legislativo.

Agora mais próximo das eleições gerais, a preocupação maior se volta às suas bases eleitorais. E o que querem saber e avaliar é o grau de contaminação dos seus eleitores pela opinião publicada de Brasília, que alcança a elite das grandes cidades. 

Se nesse novo momento, eles não estão dando a devida atenção às reações da opinião publicada é porque percebem o baixo alcance da contaminação junto às suas bases, à opinião não publicada que vota e poderá continuar votando neles.

Sim, eles não estão "nem ai" com a opinião publicada, para a indignação da mídia das grandes cidades. Mas estão "muito ai" com a sua opinião não publicada. Sem o que não não conseguirão se reeleger.

Essa questão vem a propósito da votação dos deputados estaduais do Rio de Janeiro, que desautorizaram a prisão dos principais deputados do PMDB, na ALERJ, incluindo o seu Presidente, Jorge Picciani.

O fizeram por razões corporativas e confiando que as suas bases continuarão o apoiando, com seus votos, em que pese a intensa reação de indignação da opinião publicada.

Eles seriam eleitos pela opinião não publicada e não pela publicada. 

Outubro de 2018 dará a resposta efetiva.





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