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Na licitação para a concessão de um trecho rodoviário em São Paulo, ocorreu um dos cenários previstos, embora o não desejado pelo Governo.
Afinal houve um lance ousado comemorado pelas autoridades. Mas é preciso lembrar que em ocasiões anteriores os resultados foram comemorados, mas depois não se efetivaram nas melhorias previstas.
As grandes construtoras, direta ou indiretamente, estudaram mas não apresentaram propostas. Apenas uma construtora ficou para a disputa final. Mas essa já não é uma construtora "pura", com o "empreiteiro" dividindo o controle da empresa com um grupo financeiro internacional.

A vencedora foi um fundo de investimento: o Pátria.

O mercado está mostrando o que o Governo e analistas resistem em reconhecer. Concessão de rodovia não é uma modalidade alternativa de contratação de obra pública.

Concessão de rodovia, como as demais na área de aeroportos, saneamento e outros, são empreendimentos com resultados de longo prazo, nos quais a construção é o investimento inicial necessário para gerar os resultados futuros.

A visão predominante do pretendente da concessão é o quanto a operação vai render ao longo do contrato da concessão? E o nível de investimento será avaliado pelos impactos sobre os resultados. 

As obras serão um meio para a obtenção dos resultados. 

Supostamente uma empreiteira ao entrar num concessão teria o interesse em maximizar o volume de obras e a margem sobre as mesmas. Com isso teria folga econômica de curto e médio prazo, para cobrir eventuais margens menores na operação. Desde que tenha uma equação financeira adequada, o que seria viabilizado pelos financiamentos do BNDES. 

Com menor participação do BNDES tem que buscar recursos no mercado financeiro, com juros muito maiores. Com o aumento dos custos preferem não se arriscar.

Já os financiadores privados, dado o encolhimento dos tomadores estariam arriscando a entrar diretamente nos empreendimentos.

A principal presunção é de que sem um sócio construtor, o gestor do fundo teria mais opções de contratação da obra, podendo obter valores menores de investimentos.

A mudança do perfil do concessionário tem implicações sobre o projeto e seguro.

O concessionário construtor não dá maior importância ao projeto, busca contratar pelo menor preço, dentro da visão de que o projeto não irá alterar substancialmente o custo da obra que ele sabe fazer. Quando pode usa equipe interna.

Já o fundo de investimentos precisa ter um bom projeto completo para poder ter uma boa contratação da construtora e assegurar o seu cumprimento dentro do orçamento estabelecido. Ele precisa de um projetista que considere todos os aspectos para evitar imprevistos que não só aumentem a necessidade de investimentos, como atrasem as obras e o início dos recebimentos.

Mas ele ficará no dilema de contratar o projeto com o menor preço possível, ou pagar bem para ter mais segurança. 

A sua outra opção é contratar projeto e obra pelos menores preços e buscar a cobertura pela contratação de seguro. O prêmio de seguro poderá ficar mais caro e não cobrir todas as suas perdas. 




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