O Brasil tem norte (6) - A cadeia produtiva de trigo

No segmento de biscoitos, cujo principal insumo é o trigo, na sua maior parte importado em grão, o processamento alimentar é dominado por grandes multinacionais que fazem parte do grupo de poucas empresas que dominam o mercado mundial de alimentos industrializados.

A cadeia produtiva de alimentos com base no trigo como matéria prima é amplamente desenvolvida no país, em função do tamanho da sua população e índice de consumo. Embora relativamente pequeno - 56 kg per capita em 2016 - o tamanho da população gera um grande mercado para o setor.

Com produção nacional insuficiente, a maior parte do trigo é importada, armazenada nos portos, com a sua moagem - na sua maior parte - ainda junto à área portuária, para dai ser fornecida aos principais demandantes: as padarias, amplamente difundidas em todo o país, sob forma de empresas de pequeno porte, as fabricantes de pães industriais, de massas, de biscoitos e outros.

As importações, durante muito tempo, controladas mediante cotas licenciadas pelo Estado, deram origem a moageiras regionais, sob controle de capital nacional entre as. quais alguns se expandiram para se tornarem grandes grupos de produtores de derivados de trigo. Outras não sobreviveram e acabaram sendo absorvidos por outros grupos.


Em São Paulo, o grupo mais importante, com essa trajetória, é a Selmi que é o principal supridor da farinha de trigo, no varejo, sob a marca Renata. Recentemente, parte das ações dos herdeiros foi adquirida pelo grupo Belarminio, um dos líderes do transporte coletivo em São Paulo. O grupo divide com o Ricardo Selmi o controle da empresa, que se expandiu para as áreas de massas e biscoitos.

O grupo J Macedo, com origem no Nordeste, ampliou a sua área de atuação para o território nacional, mediante sucessivas aquisições. Durante vários anos estabeleceu um acordo com a Bunge para divisão de mercado, desfeita depois de 8 anos em 2014. 

Com duas marcas fortes no mercado doméstico de farinhas de trigo (Dona Benta e Sol), ampliou a sua atuação para o segmento de massas, com as marcas Adria e Petybom) assim como de biscoitos.

Outro grupo de origem nordestina, com agressivas estratégias de expansão é Dias Branco, que recentemente comprou a Piraquê, para reforçar a sua atuação em biscoitos na região sudeste. Não tem marca forte no mercado doméstico de farinha de trigo, dominada pela Dona Benta e Renata.

As empresas estrangeiras já tiveram participação mais ampla, mas muitas deixaram o mercado, repassando a grupos nacionais, como a Anaconda, cujo controle foi transferido ao empresário João Martins, tradicional no setor atacadista. 

A Bunge se concentrou no mercado empresarial de "fast food" e panificação, sem participação significativo no mercado de varejo. onde tem grande participação com outros produtos alimentícios (óleos, margarina e outros).

As demais "três irmãs" que dominam o comércio internacional de grãos, tem participação reduzida ou nula no setor.

O Brasil não tem exportações significativas de farinha de trigo, limitando-se a alguma remessas para paises vizinhos, mais ao norte.

A Argentina é uma grande produtora de trigo, sendo o principal supridor do trigo em grão importado pelo Brasil. Tem uma cadeia produtiva mais desenvolvida, cobrindo os mercados vizinhos com produtos mais processados, reduzindo os espaços para as eventuais exportações brasileiras. 






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