Na Bahia tem disso não!

Levantamentos que estamos fazendo sobre a origem local (por enquanto em nível municipal), com intuito de avaliar a hipótese de que grande parte (ou até a maioria) dos deputados federais já são eleitos "distritalmente" ou "paroquialmente". Isto é que se elegem com os votos do seu reduto eleitoral. 

A amostra piloto, com os deputados federais, eleitos pelo Espirito Santo, confirmou a hipótese. Dos 10 deputados eleitos, em 2014, 7 tem uma base "distrital". Apenas 3 dependeram de votos em todo o Estado.

Levantamento mais extenso da eleição para a Câmara dos Deputados, no Rio de Janeiro, em 2014, também confirmou a hipótese. Dos 46 deputados eleitos, considerando o grupo dos que tiveram individualmente, menos que o quociente eleitoral, mas mais de 100 votos, em número de 9, teve 49,59% dos seus votos na cidade do Rio de Janeiro.
Considerando um segundo município com maior percentual de votos, contemplando 17,35%, o percentual acumulado alcançou 66,73%. Esses números já foram analisados anteriormente, neste blog.

Já na Bahia, que elege 39 deputados federais, considerando um grupo equivalente - com 11 deputados - a participação de votos da capital Salvador foi de apenas 15,80, contra os 49,59% verificado na cidade do Rio de Janeiro. Apenas Antonio Imbasshay poderia ter sido eleito só com os votos conquistados em Salvador.

No segundo município com maior percentual de votação, a média ficou em 11,20% na Bahia, contra 17,35% no Rio de Janeiro. Ninguém teria sido eleito com os votos de um único reduto eleitoral, mesmo considerando a soma com Salvador. Exceto o já citado Antonio Imbasshay.

O principal conjunto de votos foi nos Municipios, com mais de 1.000 votos em cada. Para alguns foram cerca de 25, outros chegaram a 50. O único campeão de votos na Bahia, o deputado Lucio Vieira Lima teve mais de 1.000 votos em 74 municipios. Menos de  3 mil votos em Salvador.

Todos os deputados federais da Bahia, com uma única exceção, foram eleitos estadualmente, e não "distritalmente". Diversamente do que ocorreu no Espirito Santo, no Rio de Janeiro e também em São Paulo. Esse, demonstrado por estudo feito por Orjan Olsen e divulgado pelo Estado de São Paulo (28/08/2016): "Deputados de SP já tem "voto distrital".

A Bahia seria o paradigma dos oponentes do regime eleitoral vigente (o proporcional) assim como da proposta do "distritão". O custo da campanha é cara, requerendo do candidato grande apoio partidário e locomoção por muitas cidades. Para poder conseguir, pelo menos, míseros 1000 votos.

Com a proibição do financiamento empresarial, substituído parcialmente por fundo público, o quadro poderá mudar substancialmente. (acrescentado em 19/11/2017)

E se o regime fosse distrital, a composição da bancada seria inteiramente diferente. 








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