Mitos e fatos sobre o agronegócio

A agropecuária se tornou o principal motor do crescimento econômico brasileiro. Promoveu a retomada do crescimento, no início deste ano, rompendo o ciclo recessivo, mas não é essa "coisa" toda que alardeia. E que a cultura urbana resiste em aceitá-lo.
Por uma série de circunstâncias históricas a agropecuária vem crescendo a sua produção - com pequenas variações sazonais - por força da ousadia e perseverança dos produtores rurais.
Eles, ao contrário dos "urbanos" não agem sintonizados com Brasília. Suas decisões individuais - que se tornam coletivas - se baseiam em três fatores principais: terra, clima e preço. 
Em relação ao Estado, consideram-se com dois direitos fundamentais: ter crédito e não pagar tributos. As variações ideológicas dos Governos vão afetar em questões adicionais, mas sem afetar as decisões de investimento e produção, se aqueles três fatores principais (terra, clima e preço) estiverem presentes.
Por conta desse descolamento em relação à política nacional, seguiram trabalhando e produziram a super-safra de 2016/17. Que não irá se repetir em 2017/18, mas continuará muito alta.

As suas lideranças e, principalmente, os seus arautos, procuram convencer a sociedade e o Governo da sua importância, afirmando e sendo razoavelmente aceito que produzem de 20 a 25% do PIB. Falso e verdadeiro, dependente do ângulo. Considerada a produção no campo, a que decorre do esforço e coragem do produtor rural, falsa. Se considerada a cadeia produtiva verdadeira.

O fato, estimado pelo próprio setor, é que esse número é composto de 3 segmentos principais: agropecuária e florestal, agroindústria e agro-serviço.

A agropecuária e florestal corresponde à produção das matérias primas no campo, e representa menos de 5% do PIB. Os insumos representam cerca de 1% do PIB. E é formado pela produção das máquinas agrícolas, fertilizantes, defensivos, produtos para saúde animal, rações e outros elementos. Todos esses de produção industrial. A terra, o insumo principal, só entra na conta do PIB, quando arrendado, ou monetizado, como remuneração do capital. Enquanto ativo próprio não é considerado no cálculo do PIB. 

O processamento das matérias primas, do ponto de vista, do cálculo do PIB, não está dentro do setor primário, isto é, do setor agrícola. Já é contabilizado como indústria e tem um valor adicionado superior ao da agropecuária-florestal. Participam em torno de 6% do PIB. 
O açúcar e o etanol já não estão na conta do setor primário. Este só considera a produção da cana. O suco de laranja, já é indústria. O óleo de soja e, consequentemente, o farelo são produtos industriais. A celulose é industrial. 
O Brasil é o maior produtor mundial de suco de laranja e de açúcar. Carne bovina, suina ou de aves já tem uma fase industrial. Não são mais matérias-primas, mas produtos industriais. Considerados como semi-manufaturados. 

A principal adição do agronegócio ao PIB não está nem na agropecuária-florestal, tampouco na agroindústria. Está no agro-serviço. Este representa cerca de 8% do PIB geral e 41% do PIB do Agronegócio.
As demostrações do CEPEA/CNA  - entidades que fazem ao cálculo do  PIB do agronegócio - não detalham a composição do agro-serviço, mas pode-se inferir que os principais são a logística que inclui o transporte de cargas, assim como a movimentação portuária, e a comercialização dos produtos de origem agropecuária-florestal. Estariam incorporando os valores adicionados pelos supermercados ao venderem alimentos, tanto naturais como industrializados.

Agronegócio não é só produção rural. Agronegócio não é só a atividade do produtor rural. Agronegócio é indústria. Agronegócio é serviço. 

Motor não é necessariamente a peça maior do sistema. Mas é a que dá partida, aciona e dá continuidade à sua movimentação. 

O motor do crescimento da economia brasileira é hoje a agropecuária-florestal. Pode representar uma parcela relativamente pequena do PIB, em torno de 5%, mas movimenta diretamente pelas suas correias transmissoras, pelo menos mais 15%. E tem efeitos indiretos não mensurados. 

O agronegócio é hoje essencial para a economia e sociedade brasileiras. Mas a cultura urbana precisa perceber e aceitar esse papel. Até porque a principal parte da produção do agronegócio está nas cidades.

(cont)

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