Mitos e fatos sobre o agronegócio (2)

A agropecuária, do ponto de vista da produção, vai bem. Produziu uma supersafra de grãos, que promoveu a retomada do crescimento econômico.
E vai bem porque está preponderantemente voltada para o mercado externo, aproveitando as oportunidades, ao contrário da indústria que ainda é fortemente dependente do marcado interno, cujo enfraquecimento promoveu a crise.
A orientação da indústria para o mercado interno decorreu de políticas públicas, de estratégias governamentais, representando o interesse público. Pode-se dizer que o Brasil optou - com plena consciência - em sustentar o seu desenvolvimento por uma indústria voltada para o mercado interno.

Já a agricultura de grãos não se voltou para o mercado externo comandada por uma política pública. Essa, em relação à produção agropecuária, sempre foi de garantir o abastecimento interno. 

O crescimento da produção de soja, acima do paralelo 16 conjugou vários fatores. O primário foi a migração de produtores agrícolas do sul (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná) em direção ao norte do país, obrigados a buscar novas áreas, dadas as restrições climáticas e às tradições familiares. No centro-oeste e no oeste baiano encontraram o cerrado, bioma de terras planas, propícias para a produção, mas de baixa fertilidade. 

Ai a EMBRAPA desenvolve e difunde uma espécie de soja, associada à geração natural do nitrogênio, reduzindo substancialmente o custo da produção. 

Os produtores reinvestem seus lucros em máquinas cada vez maiores e mais sofisticados, criando um modelo de produção extensiva, altamente mecanizada. Com inovações sucessivas. 

Encontrando condições favoráveis "foram a campo" para produzir e tem sido bem sucedidos. Seguem uma trajetória crescente de produção, vendendo ou sendo obrigados a vender para um cartel de tradings. 

Como essas são comercializadoras mundiais, elas buscaram a soja brasileira para vender no exterior. Pelas compras dos insumos dominam o mercado. Como intermediários comerciais buscaram os mercados demandantes e foram, por outro lado, buscar os supridores. A tradição era o suprimento pelos grãos norte-americanos. Com o crescimento da produção brasileira, diversificaram a sua carteira de fontes e promoveram o crescimento da produção brasileira, através de financiamento, compras antecipadas e fornecimento de tecnologias. 

Ou seja, a orientação da agricultura para o mercado internacional não foi fruto de políticas governamentais, tampouco de decisões dos produtores. Mas por estratégias das grandes tradings de comercialização de produtos agrícolas, em busca de melhores resultados para os seus acionistas ou sócios. 

É o resultado da dinâmica do mercado internacional. Por essa razão a agropecuária está mais sujeita às crises econômicas e políticas nacionais. Mas influenciada pelas circunstâncias externas.

(cont)




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