Mais uma grande bomba sobre o mandato Temer

O mandato de Temer está sujeito a sucessivos bombardeios que farão grandes estragos, gerarão grandes emoções momentâneas, mas não serão suficientes para encurtá-lo. Temer deverá completar intranquilamente o seu mandato até 31 de dezembro de 2018.
Uma bomba anunciada, que está em preparo, é a cassação da diplomação da chapa Dilma-Temer, eleita em 2014 e contestada pelo PSDB. O vai e vem do processo, aliada à sua lentidão, faz com que esse esteja próximo de uma decisão importante, mas não definitiva. Quando a Presidente já foi cassada e o Vice-Presidente tenha assumido, contando com o apoio do PSDB, autor da ação.
A argumentação principal é o abuso do poder econômico. Entre as várias questões a mais relevante seria o pagamento de despesas da campanha com o marketeiro João Santana, pela Odebrecht, de forma irregular, através de contas no exterior e não declaradas na prestação de contas. 

Esse pagamento teria sido confirmado no depoimento de Marcelo Odebrecht à Justiça Eleitoral. Embora coberto pelo sigilo judicial, esse - como usual - é rompido. Não tem valor jurídico, mas gera muita reação na mídia e na sociedade organizada. A ruptura do sigilo poderá até dar origem à anulação do depoimento. Gerando perplexidade para a opinião publicada. Comprova-se que houve o fato, mas não pode ser considerado na argumentação jurídica. 

De toda forma, o relator Herman Benjamin deverá emitir um relatório, a favor da cassação dos diplomas de Dilma e Temer. Será o lançamento da bomba, mas que não irá explodir de imediato. Seguir-se-á todo um conjunto de especulações sobre os votos dos demais componentes do TSE. Mas o mais importante será a sequência do processo que dependerá do Presidente atual do TSE, o Ministro do STF Gilmar Mendes. 

Haverá dupla pressão, com sentido opostos. De um lado segmentos da sociedade pedindo - de forma transparente - pressa na decisão. De outro, partes pedindo para a postergação, ainda que de forma encoberta. O Presidente do TSE poderá não ter pressa, outros membros poderão pedir vistas e a decisão do TSE ser postergada. A bomba ficará como uma grande ameaça, mas inativa. 

Terá influência sobre a popularidade do Presidente, e sobre a sua força junto ao Congresso, para a aprovação das reformas previdenciária e trabalhista. Para o meio político, o relatório negativo já é esperado. A postergação será vista como fortalecimento de Temer. Significa que para os parlamentares, a quase totalidade candidatos à releição de que as eleições de 2018 serão realizadas sob o manto do Governo Temer. O que isso significa cada um deles sabe bem ou tem expectativa própria. E sobre essas que Temer saberia trabalhar.  É o que importa a ele, não as manifestações da opinião publicada. 

Uma questão menor, embora também barulhenta, é o pedido de Temer de contribuição da Odebrecht para a campanha eleitoral. Ele confirma ter pedido, Marcelo Odebrecht também. Mas ambos dizem que foi nos termos da lei. 

Se foi nos termos da lei é um informação. Importante, mas sem maiores repercussões. Se foi feito fora da lei é notícia. A mídia quer que tenha sido fora da lei, cheia de mistérios, com entregadores de pacote que quem recebeu não tinha conhecimento do seu conteúdo, tampouco lembra de quem pegou. São suspenses do próximo capítulo da novela que, uma vez apresentado, perde importância. Nazaré deu lugar à Carminha, mas a vez é de Magnólia. Tudo efêmero. Logo se tornam página virada. 

A novela é longa. Ainda tem 22 meses, com muitos capítulos, surpresas, bombas e frustrações. Dentro dessa a saida antecipada de Temer é pouco provável. Mas diversas personagens importantes da novela, sairão de cena. 

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