O professor José de Souza Martins, um especialista em petismo, coloca na sua página semanal do Valor, o lulismo como um enigma.
A resposta ao enigma está na própria vida do personagem, com um ascensão social, aparentemente surpreendente e incrível.
Um menino retirante da seca do Nordeste, acompanhando sua mãe abandonada pelo marido, que não completou a educação básica, vai ascendendo na vida, alcançando o posto mais importante da nação: o de Presidente da República. É reeleito, considerado por alguns como o melhor Presidente da História Brasileira e ainda o principal líder político, com potencial de voltar ao cargo, sufragado pelo povo.
O seu projeto de nação é dar a todos oportunidade e condições para que possa repetir igual trajetória.
Lulismo é ascensão social e se confunde com a sua vida pessoal.
Esse é o motivo principal - talvez o único - que gera a atração do povo por ele. Ele é aquele que conseguiu o que todo mundo quer. Mesmo saindo de baixo, ou abaixo do baixo.
É um mito vivo. Como mito é construido pelo imaginário popular que só vê o lado claro ou desejável. E rejeita o lado escuro da personagem.
O homem tem o seu lado escuro. O mito não.
O homem, pelo seu lado escuro, não poderá se candidatar. O mito permanecerá, acrescendo a imagem de vítima, de mártir. Fortalecendo-o.
Não tem sucessor, porque o lulismo não é uma ideologia. É um projeto de vida.
O PT poderá ter um "plano B", um candidato petista para substituir Lula. Mas não conta com nenhum lulista.
Quem quer que seja, indicado, apoiado ou não por Lula, não tem possibilidade de herdar os votos de Lula.
O eleitor de Lula aceitará votar em outro lulista. Mas não em petista que não seja lulista. E não surgiu até agora esse novo lulista. Não existe.
(cont)
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