Lulismo

O lulismo é uma visão de mundo em que o Estado atua para melhorar as condições de vida da população mais pobre, promover as oportunidades de ascensão social e ampliar a capacidade de consumo dos pobres.

Essa visão de Lula, forjada dentro da luta política, para conquista do comando do Estado Brasileiro, tem pontos comuns com o petismo e com a esquerda, mas não são a mesma coisa.

A esquerda parte de uma visão ideológica do mundo, opondo-se à desigualdade econômica e social e de que a luta pela igualdade se fará pelo confronto de classes: entre os que tem e os que não tem (renda). É uma perspectiva de confronto, em que os ganhos são obtidos pela luta. E a luta continua para manter as conquistas.

A ponta de lança, ou o batalhão de vanguarda da esquerda deveria ser formada pelos operários, isto é, pelos trabalhadores nas fábricas. 

Como Lula iniciou a sua luta pelos seus ideais a partir do movimento sindical operário, foi e continua sendo apoiado pela esquerda. 

Como temos reiterado aqui, Lula não é comunista, mas consumista. O objetivo dele não é a igualdade, mas que os "seus" (os mais pobres) tenham capacidade de consumo. De comprar carne todos os dias, poder ir ao shopping, viajar de avião, etc.

A esquerda é essencialmente nacionalista, mas dentro de uma perspectiva de contraposição às supostas ingerências estrangeiras, assim como a manutenção de riquezas naturais em mãos do Estado Brasileiro.

O nacionalismo do lulismo, contempla esses elementos, mas dá maior importância ao protagonismo do país, no cenário mundial. O lulismo enfatiza a autoestima nacional.
O nacionalismo de Lula é associado ao emprego em território nacional. O nacionalismo é a criação de empregos no país, e não fora, através das importações. Não importa se esses empregos são gerados por multinacionais, desde que no país. Apenas defende preservar em mãos do Estado Brasileiro, atividades que considera estratégicas, como o petróleo.

Mais ainda, a esquerda o vê como alguém que pelo "lulismo" tem condições de reconquistar o poder e colocar em prática os seus principais propósitos: cobrar mais impostos dos ricos e fortalecer o Estado, para uma promotora do desenvolvimento e dar atenção social aos pobres. A visão da esquerda é "robinhoodiana": tirar dos ricos para dar aos pobres. 

O petismo ainda se baseia no movimento dos trabalhadores formais, o que leva à defesa prioritária das conquistas trabalhistas, protegidas pelo Estado. Para eles direitos, para os empregadores e  oponentes, privilégios ou encargos.

O lulismo mantém se associado às teses sindicais, mas não é onde tem as suas principais bases eleitorais. A maior parte dos seus eleitores não são  trabalhadores formais.

Engrossa as fileiras lulistas, são os que fazem barulho, aparecem para a mídia, mas não são decisivos eleitoralmente.

O lulo-sindicalismo ainda adota a estratégia do medo, da conflagração social, com base em carros de som e discursos inflamados. A adesão espontânea tem sido cada vez menor. 

E as ameaças não efetivadas tem mostrado à sociedade que o movimento sindical brasileiro - atualmente - é um cão que ladra muito e alto, mas não morde.

As ameaças feitas antes da decisão do TRF4 de incendiar o país, caso Lula fosse condenado não passaram de pequenas manifestações, sem maiores consequências. Pode até ser que o povo já estivesse mais preocupado em ir às ruas para comemorar antecipadamente o Carnaval do que apoiar Lula.

O lulo-sindicalismo não irá acabar, mas irá se enfraquecer em função de duas grandes mudanças estruturais: a revitalização do mercado de trabalho baseado mais no trabalho por conta própria do que dos empregos assalariados e o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical.

O lulo-sindicalismo não representa os interesses dos trabalhadores por conta própria, formais e informais. Esses estão abertos para novas lideranças, que conseguirem catalizar os seus interesses.

Seguramente não sairá das hostes petistas, tampouco das lideranças sindicais atuais, presas aos compromissos com os empregados assalariados que formam a sua base.

(cont)





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