Importantes aspectos ainda submersos

O escândalo promovido pela mídia em torno da parte emergida do iceberg da corrupção - as delações Odebrecht - não tem permitido vislumbrar uma parte ainda submersa, mas tão ou mais importante do que a agora tornada visível.

A lista de Fachin só alcança 8% dos deputados federais. O que, em função dessa lista, 92% estariam aptos a retornar em 2019, sendo reeleitos em 2018.

Não haveria significativa renovação do Congresso e, com isso, um alto risco de que os mecanismos corruptivos retornem. Como processos ou doenças latentes, estão sempre à espera de uma brecha, de um descuido, para retornarem. À semelhança do processo inflacionário ou da dengue.

A quase totalidade dos deputados não está explicitamente na lista, mas estão envolvidos indiretamente por conta da "compra de medidas provisórias pela Odebrecht". 

Na realidade não foi uma compra da Odebrecht, mas o financiamento do Governo para a compra da aprovação das MPs.

Ou seja, o dinheiro entregue pela Odebrecht ao Governo foi para que este "comprasse" deputados para aprovar as referidas MPs. Sem dúvida havia o interesse da Odebrecht na aprovação delas, mas não a beneficiou especificamente. 

Delações indicam que o PT (pelos seus emissários) "pediram" muitos bilhões à Odebrecht para "comprar" deputados a fim de aprovar medidas de interesse da política governamental.

Como avalia a coluna de Miriam Leitão, no sitio da Globo, mais que equívocos, as medidas estatizantes e nacionalistas dos governos petistas, foram "compradas", financiadas pela Odebrecht. Ela não foi uma usina de geração da corrupção, mas o sistema de transmissão, com as subestações elevatórias e de rebaixamento das tensões e com as linhas de transmissão. Ou, um odebrechtduto, por onde correram os milhões do "mpezão", das campanhas e de outros processos.

O "mensalão" foi substituido por um "mpezão", dentro do mesmo esquema de compra do apoio da base aliada.

Mas se os deputados em geral receberam, porque não apareceram? Há várias razões.

Uma das principais, responde pelo nome de Eduardo Cunha. Ele era o concentrador e redistribuidor. 

Grande parte do que é atribuído a ele foi redistribuído aos que lhe apoiaram e depois o abandonaram. Dai a preocupação do baixo clero com a eventual lista de Cunha, do que com a lista de Fachin. E a principal fonte de Cunha foi a Petrobras, mas com o uso de outros dutos. Não o odebrechtduto. Ainda há muito o que emergir desse imenso "iceberg" capaz de afundar o "Titanic Brasil".

Da mesma forma, a maioria dos deputados eleitos em 2010 e 2014 tiveram a sua campanha irrigada pelo odebrechtduto, angariada pelos dirigentes partidários. Dai porque apenas 8% dos deputados federais estão na lista de Fachin e 92% estão fora. E aproveitarão para alardear que referida lista os liberou dos crimes de corrupção. Teriam tido um atestado de "honestidade". O mais conhecido deles é o notório deputado Paulo Maluf. Que já tem dito, reiteradamente, que é o político "mais honesto do Brasil". 

Não haverá renovação política enquanto essa outra faixa do "iceberg" não vier à tona. 

(cont)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...