Imaginário popular e o publicado

O imaginário popular é a visão assumida pelo conjunto das pessoas que compõe uma sociedade. É uma percepção coletiva dominante. E uma crença generalizada. São verdades aceitas como tal e indiscutíveis.
Na realidade a sociedade não tem pensamento monolítico, dividindo-se em diversos segmentos. Não há consenso total, mas uma visão se torna dominante, hegemônico quando ganha consenso junto aos meios de comunicação. 
São os jornalistas, principalmente dos meios de maior audiência ou leitores que consolidam as visões.
Em relação à economia são os economistas os principais formuladores das visões e dos pensamentos. Mas esses podem se encerrar dentro das suas comunidades profissionais. A sua transformação em imaginário popular é promovido pela mídia que seleciona e dá voz a determinados profissionais.
As corporações profissionais tendem a falar para dentro, dialogar entre si, com pouca comunicação com os demais, ou com o conjunto da sociedade. 
Os economistas são os que romperam a barreira e a sua opinião profissional tem sido transformada em opinião pública, pela sua veiculação pelos meios de comunicação. Na realidade, a opinião publicada. Mas que influi fortemente o conjunto da opinião pública. 
A justificativa é de que as suas formulações, as suas opiniões impactam o dia a dia  dos cidadãos. O que é fato. Mas a saúde também está presente no dia a dia das pessoas e médicos e demais profissionais de saúde não tem a mesma difusão das suas visões e pensamento. 
O cidadão urbano (o que é um pleonasmo) sofre todos os dias com os congestionamentos mas o imaginário popular é formado mais pelos leigos dos que pelos "especialistas". 

Estamos vivendo uma crise econômica e o imaginário publicado é que a responsabilidade toda é do excesso de gastos públicos. Do tal de déficit público. E que se esse for resolvido tudo retorna aos eixos e a economia volta a funcionar, com aumento das compras, da produção e dos empregos. 

Esse é o problema com maior espaço na mídia, mas para a população, o que mais influi no seu dia a dia é a carestia. Dentro das circunstâncias atuais a economia só vai retomar o crescimento quando a carestia for controlada. 

A carestia é percebida no dia a dia pelos preços dos produtos no varejo. Pelos preços dos serviços que os usuários tem que pagar cotidianamente.

Para os economistas esse fenômeno é totalizado e caracterizado como inflação. E que não se pode combater a carestia apenas na ponta onde ela afeta diretamente a população. Precisa atacar os fundamentos. Mas esse ataque pode afetar outros elementos que prejudicam a saúde da economia. Foi o que aconteceu com a excessiva elevação das taxas de juros básicos para combater as supostas causas básicas da inflação. 

Este é um caso típico de descolamento entre o imaginário popular e o imaginário publicado.  O primeiro é a realidade do mercado, da vida. O segundo é o que influencia, subsidia ou fundamenta as decisões das autoridades, determina as políticas públicas. Nem sempre corretas em relação aos resultados obtidos.
 
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...