Gerações perdidas

Um jovem de 14 anos em 1964, portanto nascido em 1950, viveu e se tornou adulto, com restrições à sua liberdade. Alguns se rebelaram e acabaram presos. Muitos ficaram a meio do caminho. Aos 35 anos, em 1985 começaram a viver um novo Brasil. No inicio do século, com 50 anos, alguns haviam se tornado profissionais ou empresários bem sucedidos. No campo da engenharia, principalmente em contratos de obras com Governos.
Com a Nova República, o terrível vírus da corrupção que estava reprimido e limitado a poucos setores dos Governos, voltou a florescer. Houve uma nova tentativa de contê-lo após o impeachment de Collor, com a promulgação da lei de licitações e contratos, conhecida pelo seu número: lei 8666.

Mas a vacina não foi suficientemente forte e voltou a se expandir, principalmente a partir de 2003, com a vitória de um projeto de poder. Para sustentar financeiramente esse projeto, foram gerados e desenvolvidos mecanismos, que deram sustentação financeira a três bem sucedidas eleições e reeleições. Nem mesmo uma nova campanha de "vacinação" promovida pelo julgamento do mensalão, conteve a disseminação do vírus, que retornou mais resistente.

A ampla contaminação ficou encoberta até começar a ser desvendada pela Operação Lava-Jato. Desta vez os efeitos foram maiores e todos os grupos contaminados estão sendo extirpados.

Engenheiros bem sucedidos, que ascenderam a cargos diretivos de grandes empresas construtoras, na faixa dos 67 anos estão presos ou sob restrições de liberdade. Além de condenados a pesadas multas, muitas vezes superiores ao patrimônio acumulado  ao longo da sua bem sucedida trajetória profissional. Mas carregando o vírus da corrupção.

Essa contaminação faz com que essa geração e a subsequente, a dos seus filhos, na faixa dos cinquenta, tenham que ser "varridos" do mercado. 

São duas gerações sacrificadas dentro da história brasileira. Sacrificados quando jovens e mais uma vez sacrificados, com a provável perda de tudo o que conquistaram e acumularam. Não só financeiramente, como de experiências e conhecimentos.

Esses se tornaram obsoletos e inseríveis. Deu muito trabalho, mas agora precisam ser descartados ou reciclados. 

A recuperação da engenharia nacional não poderá se dar pela reconstrução dessa casta contaminada pelo vírus da corrupção.

Terá que recomeçar do zero, a partir dos jovens de 25 a 40 anos, recém formados ou com pouca experiência, nos métodos e conceitos tradicionais.

Chegam com novos conceitos, domínio de novas tecnologias, que as gerações mais antigas não alcançam ou resistem a aceitar. 

Os projetos e construção de rodovias não serão apenas desenhos, cálculos especificos, materiais, equipamentos e trabalho humano.

Dentro das novas lógicas digitais elas são convertidas em algorítimos. Complexos em que multiplas dimensões são incluidas e consideradas, para a sua otimização. 

Convertidos em algorítimos as alterações podem ser feitas rapidamente, com ajuste de todos os fatores e impactos e reconvertidos em desenhos, quantidades de materiais ou movimentos de materiais naturais ou construidos, equipamentos necessários e outras indicações práticas. 

(cont)


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