Gasto Demais

Sob o reinado de Dilma Rousseff o Governo Federal gastou muito mais que devia. Foi deliberado, monárquico, seguindo a concepção de que "despesa é vida". Baseado em crença arraigada, quase religiosa, voluntarista e monárquica do "eu sei o que é bom para o Brasil". 
A sociedade aceitou, dentro da cultura de dependência do Estado, da visão de "mamar nas tetas do Estado", seja da bolsa empresário, como da bolsa-família, da universidade estatal gratuita, gordas aposentadorias etc, tanto que a elegeu e reelegeu.
Ela ter sido lançada e apoiada por Lula, como um "poste" obscureceu o fato de que ela encarnava uma imagem desejada pelo povo: uma governante liberal com os gastos públicos, uma governante investidora, a tal "Mãe do PAC".
Lula, com a sua sensibilidade política percebeu que apesar de toda sua popularidade não conseguiria eleger qualquer "poste", mas uma imagem desejada pelos eleitores. Era apenas necessário burilar a imagem e difundí-la adequadamente, missão bem cumprida por João Santana.
Dilma servia muito bem aos propósitos reais do projeto de poder do PT e de Lula: arrecadar mais, gastar mais, para aumentar os recursos para o partido, mantendo percentuais baixos do pedágio. É a chamada estratégia de super-mercado. Ganhar na escala, na grande massa, com margens individuais menores em cada venda ou contrato. 
As circunstâncias foram favoráveis para essa estratégia. O Brasil superou a crise financeira internacional ampliando o seu mercado interno, irrigado com recursos públicos. Dilma estava certa naquele ciclo. Essa visão não seria sustentável por muito tempo. Mas ai um novo fato técnico foi transformado numa "mega-sena vitoriosa". O futuro do Brasil estava assegurado e podia não só continuar gastando, como podia gastar "por conta". O "pré-sal" garantiria tudo. O Brasil se transformaria num dos maiores produtores mundiais de petróleo e todos "iriam para a praia", todos os brasileiros seriam muito felizes.

Não deu certo. Depois de uma fase de sucesso, desmoronou. 

Os operadores do "esquema do petezão" queriam ficar com uma parte para eles. Para enriquecimento pessoal. Isso deixou os rastros que seguidos pela Operação Lava-Jato, por suspeitas de "lavagem de dinheiro" levou ao desvendamento do esquema. Mostrou que envolvia, além dos políticos, as maiores construtoras brasileiras e até multinacionais fornecedoras da Petrobras. Todas as grandes empresas contratadas para "tocar as obras do PAC" estavam envolvidas. E a "República de Curitiba" assumiu a missão saneadora de extirpar o grande foco da corrupção, mesmo que isso parasse o Brasil. E parou.

As circunstâncias favoráveis mudaram de rumo. As commodities que estavam com cotações supervalorizadas, em função da "bolha chinesa" despencaram quando a China, superestocada e contendo a forte expansão da demanda interna, reduziu drasticamente as compras. As cotações cairam para menos da metade e o petróleo do pré-sal, passou a ser uma dúvida. 

Mas por artimanhas e pedaladas o Governo manteve as ilusões, conseguindo a reeleição, até que teve que também reverter a sua estratégia. Tinha que descontinuar a gastança. Mas sofreu fortes resistências de todos os gastadores e só conseguiu parcialmente. A redução dos gastos públicos deu origem à maior crise econômica brasileira. De forma lenta e prolongada, remediada por paliativos. 

Até que no segundo semestre de 2016, após o impeachment de Dilma, as cordas públicas começaram a arrebentar. Ficaram evidentes com as crise do Rio Grande do Sul e depois do Rio de Janeiro. 

Gastaram demais, gastaram por conta do pré-sal, de um desenvolvimento econômico prometido que não se efetivou. A economia, ao contrário, decresceu, em vez de crescer, as arrecadações cairam, os Governos Estaduais e Municipais ficaram sem o dinheiro esperado e tiveram que atrasar os pagamentos dos funcionários e dos fornecedores. 

Estabeleceu-se o caos. Na crise os Governos não conseguem aplicar os remédios amargos. Não consegue a adesão do legislativo, tampouco da sociedade. Todos continuam esperando por "soluções mágicas", que preservem o "seu". 

Essas não existem.







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