Futuro do Brasil sob Temer

A sociedade organizada, ou a sua expressão publicada - influenciada pelas visões mundiais do "establishment" sempre defendeu que para o Brasil se desenvolver era preciso fazer as reformas estruturais: fiscal, política, tributária, trabalhista, previdenciária e outras. 
FHC tentou e não conseguiu. Os que se beneficiaram como os regimes vigentes resistiram. A "esquerda" comandada pelo PT associada ao compadrio da elite não deixou. Lula e Dilma, no seu primeiro mandato, reforçaram os "direitos adquridos" sustentados pelo Estado. Quando o Estado entrou em crise, Dilma tentou, primeiro "pedalar", o que só adiou e agravou a crise que se espalhou pelo resto da economia. Quando tentou fazer os ajustes e as reformas, não teve apoio do Congresso. No confronto acabou "impichada".
Temer é um político que tem condições de estabelecer parcerias com o Congresso para o estabelecimento das reformas, ainda que as reformas possíveis.
Já fez o básico da Reforma Fiscal, com a instituição da EC 95 (ex PECs 241 e 55). Já encaminhou as Reforma Previdenciária e Trabalhista e deverá conseguir aprová-las - ainda que com alguns ajustes - dentro do mais tradicional modelo político. 
Poderá ainda encaminhar e aprovar uma reforma tributária e até mesmo obter a aprovação de uma reforma política. Mas essa não será estrutural.
Com essas medidas a economia brasileira voltará a crescer, ainda que lentamente, perdendo posições nas listas classificatórias (rankings) mundiais.

Mas poderá ser o suficiente para sustentar a permanência de Temer na Presidência até o final de 2018.

E quais são as perspectivas do Brasil, sob Temer, até esse final de 2018?

A economia brasileira tem um grande potencial de desenvolvimento mas que poderá ser inibido ou distorcido pelas intervenções governamentais.

Os analistas tendem a visões e lógicas macro, pasteurizando e medianizando todas as ocorrências, mas a economia funciona - realmente - pelo conjunto da microeconomia, ou seja, pelas ações dos agentes econômicos.

O crescimento econômico recente ocorreu com a exacerbação da "economia do compadrio", em que empresários buscaram nas relações com o Estado, as vantagens para o seu sucesso.  

Obter um benefício fiscal, um financiamento a juros menores, uma licença especial, ou um contrato público super valorizado era mais importante, para garantir lucros e expansão, do que medidas internas para melhorar a produtividade e competitividade.

Os que eram amigos do "Imperador" ou dos "reis" regionais, tinham ganhos, que repartiam com os seus protetores. Eram os "vencedores", tratados como "campeões nacionais". Os demais "comiam poeira".

Esse modelo, estruturado - ao longo de muitos anos - foi fortemente abalado pela Operação Lava-Jato, mas ainda não inteiramente destruído e tenta renascer.

Dois dois principais "supercampeões nacionais" estão presos. Outros menores também. Mas ainda há os que atuam livremente. 

Esse modelo da economia, baseada no "compadrio" decorre de uma concepção de intervenção do Estado para conduzir ou induzir o funcionamento da economia. 

Quando o Estado intervém na economia, grupos empresariais aproveitam para "capturá-lo", levando-o a lhes favorecer. Ao longo dos governos petistas, por um amplo fluxo de "propinas", que ampliou e estruturou sistemas criados anteriormente. 

O abalo desse modelo, pelos ataques da Operação Lava-Jato abalou toda economia, mas o grau de contaminação empresarial ainda não está identificado, tampouco avaliado.

A crise política, com o impeachment da Presidente Dilma Rousseff, e posse contestada do seu vice-Presidente, deu pouca ou nenhuma condição do Estado intervir na economia. Ao contrário teve que refluir, mantendo apenas os instrumentos básicos da política monetária.

Com alguns indícios de melhoria da economia, que - pelo menos - teria estancada a trajetória descendente, o Governo se anima a governar, o que significa voltar a intervir na economia. Sob a alegação de estimular a retomada do crescimento, tende a aceitar as reivindicações ou pressões empresariais. 

Os Poderes Executivo e Legislativo só refluirão das suas intenções intervencionistas se estiverem fortemente pressionados pela Operação-Lava Jato
e pelas crises nos serviços públicos decorrentes das contenções obrigatórias dos gastos públicos. 

Sem tempo e espaço para tentar intervir na economia essa poderá funcionar mais livremente, com ganhos e perdas em função das competências empresariais. 

Michel Temer tem se mostrado um grande articulador, mas nunca foi um governante. Como executivo tende a ser um grande desastre.

Deixá-lo "amarrado" com as mini-crises políticas e as crises no serviço públicos, pode ser a melhor solução para a economia brasileira. 


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