Na aversão aos políticos de Brasília, como se eles fossem de outro planeta e "sem senso", a sociedade organizada, apoiada pela mídia, despreza o fato real de que eles foram eleitos democrática e legalmente. Isto é, com o voto do povo.
Não são políticos de Brasília. São políticos de todo o Brasil, que se reunem em Brasília, para as decisões na calada da noite.
O Brasil tem, na realidade, um parlamentarismo. Para não o designarmos por adjetivos pejorativos, digamos híbrido.
O parlamento tem o direito de afastar o Presidente da República, ainda que por um processo lento. O Presidente da República não tem o poder de dissolver o parlamento e convocar novas eleições gerais.
As manifestações de rua podem contestar o parlamento mas não tem poder real de dissolvê-lo, sem uma reforma constitucional, que ele mesmo tem que aprovar. A dissolução só poderá ocorrer por um Golpe de Estado, de iniciativa ou apoio militar, ou seja, pela força, ou por renúncia coletiva. O que é uma hipóteses teórica.
A renovação do Congresso só deverá ocorrer em 2018, dentro do calendário constitucional. Ai será o momento para defenestrar os políticos corruptos. Alguns poderão ser afastados ou excluidos do parlamento por decisão judicial, como ocorreu com Eduardo Cunha. Mas as ações protelatórias farão com que a efetivação das condenações seja muito restrita.
Tudo depende de 2018.
As ações atuais, as manifestações populares só serão efetivas se convencerem as populações estaduais a não votar nos políticos desonestos ou os tais "sem noção".
Se todos os eleitores paulistas elegerem em 2018, políticos "com noção", serão 70 entre 512. Não são os eleitores de São Paulo, epicentro das manifestações anti-parlamento, tampouco os de Brasília, que elegem o parlamento. São todos os eleitores brasileiros, segregados por Estado.
Brasília só elege o mínimo de 8 deputados federais. Não são apenas eles os "sem noção". A visão míope que o problema são os políticos de Brasilía, decorrente de construções da mídia, obscurece o fato real de que o problema são os "políticos do Brasil".
O desafio não é apenas de reunir milhões nas capitais e grandes cidades brasileiras contra o parlamento. É preciso convencer os cerca de 150 milhões de eleitores a não reeleger essa "corja". Ou não eleger sucessores da mesma laia.
As ações de curto prazo são necessárias, mas tem que ser consideradas numa perspectiva de médio prazo. O momento chave é outubro de 2018.
(cont)
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