Falta liderança do agronegócio

A agricultura moderna importou o termo "agribusiness" para caracterizá-la, buscando diferenciar da agricultura tradicional.
Com o sucesso da produção dessa agricultura, preponderantemente voltada à produção de grãos para exportação, os mentores ampliaram o escopo do agronegócio, para envolver toda a cadeia produtiva e passaram a alardear que representavam cerca de 1/4 do PIB.  Somadas todas as atividades, inclusive transporte e comercialização, chega próxima a essa participação, dependendo da evolução dos outros setores.

Usam a denominação agronegócio, mas as lideranças empresarias e políticas são todas da agropecuária. São pessoas do campo, "da roça", que para tentar fortalecer a importância do segmento, extrapolam os números, mas todas as ações são no sentido da defesa da agropecuária.

O Brasil tem efetivamente uma grande oportunidade e responsabilidade de alimentar o mundo. Mas a colocação de "Brasil, celeiro do mundo" é mal vista pela comunidade urbana. Essa entende que essa colocação significa o Brasil ser um exportador de matérias primas, ou mesmo quando semiprocessadas, exportador de commodities. Exportador de produtos de baixo valor agregado. 

O que para os "industrialistas" é um retrocesso histórico. E por isso rejeitado.

O que o mundo quer é que o Brasil cumpra o papel de alimentar a sua população, que se aproxima dos 9 bilhões de pessoas. O mundo espera que o Brasil contribua amplamente para a erradicação definitiva da fome no mundo.

O Brasil precisa aproveitar a sua capacidade produtiva no campo para se tornar uma potência mundial de produção de alimentos. Não precisa se limitar à produção e exportação de commodities.

Se há certezas de que o Brasil tem potencial e condições de ser um grande produtor agrícola e pecuário, o mesmo não ocorre com a transformação industrial das suas matérias primas em alimentos e eficiência nos serviços. Não basta ter uma competente agropecuária, sem a mesma competência na agroindústria e no agrosserviço.

Uma opção de um projeto nacional, de um Projeto Brasil, é tornar o Brasil o maior produtor de alimentos para o mundo. 

Em todas as fases dos produtos. Desde o suprimento "in natura" aos produtos mais sofisticados.

Para isso precisa planejar e se organizar. Estabelecer um planejamento estratégico. Cuja visão é "ser o maior supridor mundial de alimentos", e como missão "acabar com a fome no mundo". 

Um primeiro problema é que não emergiu ainda, seja dentro do Governo, assim como dentro do setor empresarial uma liderança do agronegócio - como um todo. Isto é, do agronegócio que representa 1/4 do PIB. 

Há várias lideranças empresariais reconhecidas como do agronegócio. Mas, na prática, são lideres da agropecuária. Como o Ministro da Agricultura  Blairo Maggi, Roberto Rodrigues e outros.

A organização corporativa setorial, seja na estrutura sindical (Sindicatos, Federações e Confederações) como nas estruturas associativas dificulta a integração setorial e formação de lideranças do conjunto do agronegócio.

Os governos também estão organizados setorialmente, não podendo ser assumido por nenhum dos Ministros setoriais.

A eleição presidencial de 2018 poderá ser uma oportunidade para que algum deles assuma a bandeira e lidere esse projeto.

(cont)





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