Exportar para empregar (8)

Os depoimentos de dirigentes mundiais das multinacionais dão indícios de porque as eles estão cautelosos em fazer, das suas unidades no Brasil, plataformas de exportação. E porque insistem na informação de que as exportações que vem sendo feitas, com aumento de quadros de trabalhadores são temporárias.
Diferentemente dos empresários nacionais ou mesmo dos executivos que estão dirigindo os negócios no Brasil e vivem o ambiente político conturbado, os dirigentes mundiais estão distantes, acompanhando a evolução do país, segundo o parco noticiário internacional sobre este e os relatos dos seus dirigentes regionais, incluindo as informações sobre os indicadores.

Tomando por base o noticiário internacional há um consenso sobre o "desastre econômico", com baixo crescimento, elevado desemprego e perspectivas de recuperação lenta, com ainda - pelo menos um ano - de recessão. Já em relação à situação econômica o noticiário e análise são divergentes. O PT e a Presidente afastada conseguiram ampla mobilização da esquerda mundial na aceitação de que seu impeachment é um golpe. E mantém a perspectiva de que ela poderá voltar ao Poder.

Como no Brasil, os principais meios de imprensa tem forte presença de jornalistas de esquerda que dominam o noticiário. Mas nos editoriais prevelece a "opinião capitalista". Os leitores menos atentos ficam divididos. Os dirigentes das multinacionais não.

A insegurança com relação à política seria o principal fator restritivo a uma maior integração das unidades brasileiras das multinacionais nas cadeias globais de valor. 

Os antecedentes do Governo Dilma, mostram uma doutrina anti-globalização. A ideia de uma economia industrial autossuficiente prevaleceu como base da política econômica. O adensamento interno das cadeias produtivas, sob o rótulo de "conteúdo nacional" é a tônica da política industrial petista.
 
Embora analistas nacionais e internacionais apontem essa política com a causa estrutural da crise econômica brasileira, a Presidente afastada não aceita como tal e, se retornar ao Poder, tentará insistir na mesma. 

Os dirigentes mundiais preferem esperar pelo desfecho final do processo de impeachment, sem se preocupar com as escaramuças diárias que afetam os moradores do Brasil.

Dois outros indicadores seriam relevantes para aqueles dirigentes: a capacidade do Governo em controlar as contas públicas e a disposição de estabelecer acordos comerciais. 

Ao longo do processo de impeachment a aprovação pelo Congresso de medidas para o controle das contas públicas será o principal indicador político e econômico. Se o Governo Temer conseguir a aprovação demonstrará ter força política para conduzir a recuperação da economia e terá o apoio empresarial. Será também um indicador de que dificilmente Dilma Rousseff retorna ao Poder. Se ao contrário, ele não conseguir a aprovação do Plano Meirelles, além de não restabelecer a confiança empresarial, abre maior possibilidade para o retorno da presidente afastada.

Ou seja, a retomada das exportações industriais não dependem apenas da taxa de câmbio ou de esforço das empresas nacionais. Dependem das decisões estruturais das direções das multinacionais que estão esperando por um desfecho do processo de impeachment de Dilma. 
Para eles eventuais afastamentos ou até prisões de Renan Calheiros, Eduardo Cunha e Lula são baixas de guerra. O que importa é saber o quanto isso vão influir na decisão final do Senado em relação ao impeachment de Dilma. O que interessa é o resultado da batalha final.
Enquanto isso, as decisões são conjunturais com perspectivas temporárias. Poderão ser continuadas ou não.

Os acordos comerciais não serão fechados imediatamente, mas o importante é a sinalização de interesse do Governo Brasileiro em firmá-los. A posição de interesse está bem definida com as ações do Ministro de Relações Exteriores, José Serra, mas com um eventual retorno de Dilma Rousseff a expectativa é que volte à política anterior de não buscar os acordos com os países desenvolvidos. 

Dentro desse quadro não haverá o grande salto das exportações industriais em 2016, mesmo que o câmbio  se torne mais favorável. 

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