Exportar para empregar (10) - Etios para Peru

"A Toyota do Brasil anunciou que está iniciando a exportação do veículo compacto Etios para o Peru. O início da transação foi comemorado em cerimônia nesta terça-feira (12), na planta da Toyota em Sorocaba, em São Paulo, marcando a entrega das primeiras unidades para o país andino. O carro já é exportado para Argentina desde novembro de 2013, e Paraguai e Uruguai desde outubro de 2014.

O evento em Sorocaba contou com a presença dos executivos da marca, Steve St. Angelo, CEO da Toyota para América Latina e Caribe e Chairman da Toyota do Brasil, Koji Kondo, presidente da Toyota do Brasil, Íder Cifuentes, gerente geral de vendas da Toyota del Peru, além do prefeito da cidade de Sorocaba, Antonio Carlos Pannunzio, e o Secretário Chefe de Gabinete de Porto Feliz, entre outras autoridades e entidades representativas.

“Por meio desta iniciativa, a Toyota mostra, mais uma vez, a importância da sinergia gerada entre as subsidiárias da marca na região da América Latina, visando, principalmente, reforçar para este mercado os reconhecidos diferenciais de qualidade, durabilidade e confiabilidade de seus produtos para o benefício de seus consumidores”, declarou Steve St. Angelo."
A notícia publicada pelo Jornal do Comércio do Rio Grande do Sul, e pouco divulgada nos jornais de São Paulo, que não repercutiram o "press release" da empresa, contempla várias das questões colocadas reiteradamente aqui no blog.
A primeira é a existência de um CEO da Toyota para América Latina e Caribe que tem abaixo dele, no organograma subcontinental da multinacional japonesa, o Presidente da Toyota do Brasil e o Gerente Geral de vendas da Toyota del Peru.
A ausência de qualquer autoridade da sede da multinacional é um indício de que ela atribuiu ou delegou ao Presidente da América Latina o mercado da região. Ou seja, a América Latina não será atendida pela produção japonesa, mas pela produção da própria região, concentrada no Brasil, quando já fabricado ou montado por aqui. O mercado dos carros Corolla e Etios já produzidos em Sorocaba, será a América Latina e Caribe (divisão territorial estabelecida pelas Nações Unidas, como se o Caribe não fosse latina). E os volumes destinados aos diversos mercados serão definidos segundo as demandas e acordos comerciais. 

Reforçando as colocações a respeito: o mercado dos novos carros lançados no Brasil pelas multinacionais não é o brasileiro, mas o latino americano. 

O significado das exportações para o Peru,é ser o primeiro para um país vizinho ao norte da América do Sul e fora do Cone Sul e do Mercosul.
 
E as vendas para os demais países não se caracterizam como exportações, no seu sentido real. Não se trata de uma venda de um país a outro. As transações são internas dentro da mesma empresa. A Toyota do Brasil não vai fazer um esforço para a conquista do mercado peruano. Essa é uma tarefa da Toyota do Peru, já instalada no país. Já tem estabelecida a sua rede de comercialização e a marca. Não precisa fazer toda a "via crucis" que a empresa nacional tem que fazer.
E a remessa de carros do Brasil para o Peru é uma destinação, determinada pela direção regional. Na prática a Toyota do Peru é mais uma concessionária da rede - agora continental - da empresa. Que poderá ter a sua sede continental em São Paulo, em Lima ou em qualquer outra importante capital latino americana.
A Toyota do Brasil não "exporta" para o Peru, como já o faz para a Argentina e Chile:A Toyota da América Latina destina.
A terceira constatação é a pouca importância dada pelos principais jornais do Brasil a um evento que quantitativamente é pouco representativo. De janeiro a junho de 2015 a Toyota exportou apenas 21 mil veículos. Muito pouco, embora represente um grande crescimento em relação a 7 mil exportados no mesmo período de 2015.
Não se referindo à crise do mercado interno, não é considerado significativo. Seria apenas um pequeno movimento interno da empresa, como a abertura de uma concessionária da marca numa cidade do interior do Brasil.
Significa, no entanto, a consolidação de uma tendência da indústria automobilística instalada no Brasil. As suas unidades produtivas estão sendo convertidas em plataformas de exportação. 







 

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