Estrutura setorial da economia brasileira


O Produto Interno Bruto (PIB), caracterizado pela mídia como a representação de todas as riquezas produzidas pelo país num determinado período (trimestral ou anual), envolve uma equação que tem de um lado a oferta e de outro a demanda, sendo essas duas partes equivalentes.
De um lado tudo o que foi produzido desdobrado por setores; de outro lado tudo o que foi consumido para uso direto ou comprado para formar ativos (investimentos).
O equilíbrio entre as partes é dado pelo aumento ou diminuição de estoques.

A evolução da economia brasileira é acompanhada pelos economistas, demais analistas, mídia e pela sociedade segundo os dados divulgados trimestralmente desdobrado em grandes categorias. Porém uma avaliação setorial mais diferenciada só é possível, com a divulgação dos dados consolidados e detalhados o que é feito com grande defasagem. A última já divulgada refere-se ao ano de 2013, um ano em que a economia brasileira ainda cresceu (2,3%) e não estava afetado pela redução das cotações internacionais das commodities. A balança comercial, apurado pelo Minstério de Desenvolvimento, da Indústria e Comércio Exterior (MDIC), ainda apresentava um saldo positivos (em dólares), embora pequeno (US$ 2,6 bilhões).

Os dados desagregados das contas nacionais permitem não só uma classificação mais estratégica dos setores como distinguir por setor ou produto, o volume das exportações e importações, identificando, tanto a disponibilidade nacional dos produtos, sejam os nacionais como os importados. Da produção nacional é descontado o que é exportado e à disponibilidade nacional dessa é somado o que é importado.

Os dados gerais para o ano de 2013, a preços de 2012:
  • total da produção nacional: R$ 8.473 bilhões;
  • parte exportada: R$ 577 bilhões, ou 7% da produção nacional;
  • produção nacional disponível para o mercado interno: R$ 7.896 bilhões;
  • importação para complementar a produção nacional: R$ 674 bilhões,  equivalente a 8% da produção nacional;
  • total da oferta interna: R$ 8.570 bilhões;
  • soma dos impostos acrescidos aos produtos: R$ 747 bilhões;
  • oferta e demanda total: R$ 9.318 bilhões.  
Os dados acima indicam uma economia excessivamente voltada para o mercado interno, com um pequeno déficit nas contas externas.

A apuração das contas nacionais consideram elementos adicionais aos do comércio exterior de bens. As contas nacionais consideram também a movimentação de serviços. Por exemplo, quando um turista estrangeiro se hospeda num hotel no Brasil, o seu gasto é contabilizado, nas contas nacionais como exportação. Em contrapartida, quando o turista brasileiro vai ao exterior e se hospeda num hotel é computado como importação.

Dentro da produção nacional, as commodities correspondem a 19,0%, incluindo a produção de bens intermediários, como celulose, derivados primários de petróleo e produtos siderúrgicos. As commodities respondem por 56,2% das exportações.

A indústria de transformação participa com 17,7%,da produção nacional e 30,6% das exportações. 

O comércio, computado separadamente, equivale a cerca de 10% da produção nacional, mas o seu valor é acrescido aos produtos.Não é uma oferta independente, tampouco uma demanda isolada. O consumidor não compra comércio, mas produtos comercializados pelas lojas. E paga pelo produto, acrescido da margem do comércio. 

Os serviços respondem por 41,4% da produção nacional, desdobrados em:
  • serviços predominantemente para famílias: 18,1% do total;
  • serviços predominantemente para empresas: 16,9 % do total;
  • administração pública: 6,5%.
A exportação de serviços, que não aparecem nas contas de bens do comércio exterior, responde por 12,2% do total, sendo 2,9% dos serviços voltados para as famílias, com destaque para os já citados serviços para turistas.  Entre os serviços prestados às empresas, com 9,31% do total ressaltam-se os serviços de engenharia, com 2,45%.

Já do lado as importações, as commodites participam com 21,1% do total. As principais participações são de petróleo & gás. Os seus derivados são os responsáveis pela participação de 8,5% do total das importações do grupo indústria de bens intermediários.

O campeão é a indústria de transformação, cujas importações  correponderam a 57,6% do total. 

Os serviços respondem por 23,4% do total, o que indica que a visão sobre a balança comercial é sempre muito parcial. Os principais setores importadores são os serviços com a gestão de ativo, que representam 6,3% do total das importações os gastos dos turistas brasileiros no exterior, somando 4%.

Feitos os ajustes com as contas externas, tem-se que os serviços representam 40% da demanda interna, as commodities 20,4%, a indústria de transformação, 26,8% e a construção, 6,9%, considerados apenas os setores de maior participação.

Diante dessa estrutura a questão básica é com que pilares deve se sustentar um Brasil economicamente forte?   

Identificamos 3 rumos básicos:

  1. Ampliar as exportações de commodities de forma a gerar divisas para a importação de bens industrializados e promover o crescimento com base na agregação dos valores pelo comércio, serviços e tributos sobre esses bens.
  2. Garantir o suprimento da demanda nacional com a produção industrial interna, complementando-a com importações, financiadas por exportações de produtos industrializados. Inserir mais amplamente a indústria nas cadeias produtivas globais.
  3. Desenvolver a economia brasileira com base nos serviços de tecnologia 
     

 

    



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