Esperança, honestidade e desperdício

(republicado com revisões)
Esperança, honestidade e "austeridade"  serão os pilares da agenda eleitoral de 2018. Tanto para a eleição presidencial que tem caráter nacional, como para o Congresso que tem bases estaduais.
A agenda é do eleitor, antes de ser do candidato ou partido. Estes serão bem sucedidos (ou não) nas suas campanhas se souberem captar os anseios do eleitor e lhe levar a mensagem sensível. 
É importante ressaltar que o voto é individual - o voto é do indivíduo, do cidadão - e unitário - ele só pode votar num candidato por cargo (exceto no caso de Senador que serão dois por Estado).
Na agenda do eleitor "esperança é a perspectiva de uma vida melhor". Não é chegar ao topo, mas uma melhoria em relação à sua vida atual.
Honestidade é o que ele espera do candidato. Que não tenha pecha de ladrão, que não mostre indícios de que vá roubar no exercício do cargo.
Austeridade é o bom uso dos recursos públicos, para que esses possam chegar de forma mais abundante ao cidadão. Talvez possa ser caracterizado como "não desperdicio de recursos públicos" ou simplesmente não desperdício.
Os três itens da agenda não são necessariamente complementares, reforçando-se entre esses, mas são intrinsecamente contraditórios.
Para o eleitor esperança envolve uma perspectiva de gastos maiores do Estado a seu favor. O que contradiz com a austeridade. 
Austeridade e honestidade podem se complementar. Se ele não roubar dos cofres públicos, poderá sobrar mais recursos para o cidadão. Mas austeridade pode ser também não usar indevidamente os recursos públicos - ainda que na forma legal - em detrimento do cidadão. Os privilégios dos supersalários dos "marajás", as aposentadorias diferenciadas dos servidores públicos, o excesso de burocracia que retém no meio do caminho os recursos para educação, saúde, assistência social e outros o dinheiro público chega "minguado" ao cidadão, isto é, ao eleitor.
Austeridade não é apenas "não roubar", mas também "não deixar roubar" ou não deixar desviar o dinheiro público para benefícios pessoais, ainda que de forma legal. Não promover desperdício de recursos públicos. Na linguagem dos renovadores corresponde à "priorização do cidadão em detrimento da máquina pública". O que interessa ao eleitor, individualmente, é que o dinheiro público chegue a ele sob forma de serviços públicos de educação, saúde, segurança públicas e não vá embora pelo ralo das vantagens pessoais dos funcionários públicos. Ele quer que o professor esteja em sala de aula ensinando aos seus filhos. Ele - o eleitor - quer que o médico esteja no posto de saúde, atendendo. Ele quer que a polícia chegue rápido quando ele chamar ou que o delegado esteja presente na delegacia. Reivindicações ou exigências simples. 
Esperança não é algo objetivo, mas um elemento que cada qual considera em função da sua vida atual e de suas perspectivas ou visão. Todos tem esperança e avaliam as propostas segundo a sua visão.
A figura política brasileira que melhor encarna a esperança é Lula. Essa é a razão principal porque está no topo das pesquisas e com grande possibilidade de ser eleito se puder ser candidato. Para uma importante parte da população está acima da honestidade.
Honestidade não requer muitas considerações por parte dos eleitores, qualquer que seja a sua condição de renda e educação: é não roubar. 
Não se trata de honestidade de propósitos ou outras honestidades. O que interessa ao eleitor é se o candidato "roubou ou não". E a imagem vale mais que o fato. Quando não existem provas cabais, mais indícios suficientes do ponto de vista jurídico, para efeito político o que prevalece é o marketing. Mais uma vez Lula, pontifica neste quesito. E Temer tenta seguí-lo, sem o mesmo resultado.
Austeridade é algo mais difícil de ser percebido. Ainda mais sintetizado em poucas palavras ou slogans. Ademais tomou um sentido negativo pela esquerda. O mais próximo que encontramos foi "não desperdício de dinheiro público", resumindo a  "contra o desperdício" ou ainda "não desperdício". Mas como item da agenda eleitoral basta a chamada desperdício, na versão popular e austeridade na versão midiática. Isto é, austeridade para a opinião publicada e desperdício para a não publicada. (Mas ainda não estou convencido do termo mais adequado).

(cont)

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