Economia criativa e tempo livre dos trabalhadores

Economia criativa é economia humana e existe desde que o homem buscou se apropriar de recursos naturais. E, depois, ao transformá-lo, mediante inovações humanas.
Economia criativa seria uma contraposição apenas à economia extrativa. Mesmo assim poderia se encontrar na economia extrativa parte da economia criativa. Qualquer desenvolvimento de solução humana para extrair mais e melhor recursos naturais já poderia ser incluída como economia criativa. Isso só seria importante para desmistificar a ideia de que a economia criativa é uma nova economia. 

Economia criativa está relacionada com a produção inteira ou predominantemente humana, em que recursos naturais só entram complementarmente, como ferramentas. Nesse caso poder-se-ia ainda estabelecer distinção, nem sempre aceita, entre arte e ciência. Até porque toda criação humana conjuga os dois elementos, com predominância de um ou outro. 

O projeto de uma ponte é bem característico desta questão: o projeto de arquitetura é aceita como economia criativa, por conter elementos artísticos. O projeto de engenharia, o projeto estrutural, é visto apenas como um produto técnico, não sendo reconhecido, como economia criativa. 

A outra relação da economia criativa é com o tempo livre dos trabalhadores. Também caracterizado, academicamente, como tempo ocioso. A economia criativa estaria voltada para atender o uso do tempo livre dos trabalhadores, descontadas as horas de trabalho remunerado ou profissional e de atendimento às necessidades fisiológicas básicas (sono, alimentação e outras). Isso porque o foco principal da economia criativa seria a produção cultural, a produção artística.

O tempo livre do trabalhador seria principal demanda da economia criativa. Mas para atender a essa demanda é mobilizada um conjunto de trabalhadores. Os produtores culturais profissionais não usam tempo livre para atender aos seus espectadores. Usam o seu tempo de trabalho. 

Por outro lado, os trabalhadores podem usar o seu tempo livre para uma produção cultural, uma produção artística não profissional, não remunerada. Trabalhos comunitários, trabalhos sociais voluntários fazem parte desse universo. Que, do ponto de vista da economia criativa é um dos segmentos produtivos. 

O que leva à necessidade de uma distinção entre economia criativa profissional (ou monetária) e uma economia criativa amadora e não monetária. 

O tempo livre das pessoas, com os gastos delas para ocupá-la é a demanda de um conjunto de atividades econômicas monetárias, a maior parte integrante da economia criativa.

A avaliação da importância econômica desse conjunto deve considerar separadamente, a economia das atividades voltadas a ocupar o tempo livre das pessoas e a produção de serviços, da economia criativa, da qual uma parte é destinada às empresas. 

O desenvolvimento da tecnologia da informação atende, por um lado, as pessoas físicas, como o uso  do smartphone para mandar e receber mensagens, em tempo real, praticar jogos, ler ou ver notícias ou até filmes. Por outro lado, produz softwares para empresas, seja para registro e computação de dados contábeis, estatísticos, como para processamento industrial e outras necessidades empresariais.

Ambos fazem parte da economia criativa, mas se destinam a públicos e demanda diferentes. 

O desenvolvimento de softwares para uso em smartphones muda a dimensão do tempo livre,  no sentido do tempo não ocupado com o trabalho. O amplo uso de smartphones ao longo de viagens por transporte coletivo em direção ao trabalho transforma esse tempo de viagem em demanda para a economia criativa. 

O tempo de viagem de casa ao trabalho, ainda não é tempo de trabalho, embora vinculado a esse. Rigorosamente é tempo livre ou ocioso e a tecnologia gera meios para sua ocupação. Para os produtores ou instrumentadores dessas tecnologias é uma atividade econômica que gera renda para elas. A principal delas é a empresa de telecomunicações, que aumenta o seu tráfego e seu faturamento.

A economia criativa se compõe - de um lado - de uma demanda de pessoas com renda, para ocupar o seu tempo livre ou ocioso, com entretenimento ou "apreciação" de produção cultural.

De outro lado, toda uma cadeia produtiva, repleta de trabalho, para atender aquela demanda. 

(cont.)





  


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