Duas crises distintas

Duas crises contemporâneas, em Estados vizinhos, envolvendo movimentos reivindicatórios das Polícias Militares podem parecer semelhantes, mas não o são.
O motim do Espirito Santo decorre do endurecimento do Governo Estadual em não conceder aumentos que comprometem a sanidade das contas públicas. A fim de evitar crise insolúvel, como a do vizinho Rio de Janeiro.
O Espirito Santo é um dos poucos Estados que vem cumprindo rigorosamente a Lei de Responsabilidade Fiscal, com os seus gastos com pessoal dentro dos limites e contenção  de outros gastos. Vem praticando a "Lei do Teto", antes mesmo  da aprovação das PECs, agora a Emenda Constitucional 95. Como resultado tem "dinheiro em caixa" e cumpre os pagamentos, sem atrasos significativos. Para isso tem sido rigoroso nos reajustes de remuneração dos servidores públicos, ao contrário  de outros Estado, principalmente do Rio de Janeiro. Não se deixou levar pelo populismo, concedendo benefícios que não tem condições de serem cumpridos.

As esposas e demais familiares dos policiais militares capixabas, acamparam diante da saída dos batalhões, para reivindicar melhores salários. Ainda que não sejam os piores salários do Brasil, estão  entre os mais baixos. Exatamente, porque o Governo do Espirito tem sido rigoroso nas concessões. Mas os pagamentos estão em dia.

As do Rio de Janeiro estão acampadas para reivindicar o pagamento dos salários, 13º salário e outros, todos atrasados desde o ano passado. Atraso que decorre do descontrole das contas públicas, das generosidades na concessão de reajustes e benefícios aos servidores públicos. 

A greve ou motim do Espirito Santo decorre de ações preventivas do Governo para evitar a crise que dá motivo ao motim do Rio de Janeiro. 

Caracterizar o movimento dos policiais militares do Espirito Santo, como motim e não aceitar como uma greve é a clara manifestação de endurecimento do Governador Paulo Hartung das negociações e no tratamento da questão. 

Abriu um precedente e colocou os seus colegas Governadores em cheque. Os que não endurecerem, contemporizando, concedendo reajustes irrealistas, correm o risco de se transformar no Rio de Janeiro.

É preferível enfrentar greves enquanto ainda tem condições de pagamento, por um endurecimento nas negociações, do que ter que enfrentar motins, por falta ou atraso de pagamentos.

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