Dois Brasis

O segundo turno das eleições municipais confirmou o que já indicava o primeiro: há uma diferença fundamental no comportamento dos eleitores acima e abaixo da latitude 16 sul (o paralelo que passa por Brasilia).
Ao norte, o eleitorado preferiu "mais do mesmo". Ao sul, renovação.
Nas capitais dos Estados do Centro-Norte, Norte e Nordeste prevaleceu a reeleição do Prefeito ou do indicado ou apoiado pelo atual. Exceção de Aracaju.
Ao sul, renovação, com exceção de Vitória, com duas características marcantes: uma "renovação" com o retorno ao passado: Iris Rezende em Goiânia e Rafael Grecca em Curitiba, retornam, com as mesmas mensagens populistas antigas, muitos anos depois: "nos eramos felizes e não sabíamos". A outra a vitória dos defensores da austeridade fiscal, evitando promessas específicas superando os populistas. Até mesmo no Rio de Janeiro.
O caso mais emblemático é Belo Horizonte, onde o candidato vencedor não se peja em dizer que não conhece a periferia, nunca andou de ônibus na cidade, e ganha a eleição com os votos daquela. A partir da proposta de boa gestão do dinheiro público. De não ser político e sustentada pela aura da "virada atleticana".
Geraldo Alckmin soube perceber os novos ventos e foi o grande vencedor abaixo do paralelo 16. Aécio continua raciocinando politicamente com a cabeça acima do paralelo 16 e foi novamente derrotado em Belo Horizonte.
O PSDB, venceu amplamente em número de votos conquistados. O PMDB manteve a liderança na quantidade de Prefeitos eleitos, a maioria em pequenas e micro cidades. Continua sendo o "rei dos grotões". Partidos menores ganham posições. E o PT foi dizimado. Além das derrotas no primeiro turno, das 17 disputas do segundo turno, perdeu todas.

As eleições de 2016 indicam que para o Congresso de 2018, o PMDB deverá continuar sendo o partido majoritário, com a sua bancada acima do paralelo 16, mas com menos do que a atual.

O PSDB deverá ser a segunda bancada, podendo levar mais da metade das cadeiras abaixo do paralelo 16.

O principal crescimento,  no entanto, deverá ser de centrão que, na soma das cadeiras será maior do que os maiores partidos - quando considerados individualmente.

Já os partidos de esquerda serão minoritários, com o PT sob risco de virar um "nanico" ameaçado pelas cláusulas de barreira. Dependerá da sobrevivência de Lula.

Já para a Presidência, o fator atual que vai estar mais presente, será a PEC 241 (agora PEC 55). Aprovada, em 2018 haverá a disputa entre seguir adiante ou reformar. Praticamente apenas um ano para avaliar os resultados efetivos.

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