Dória Jr apenas melhor que Haddad (1)

O cenário intermediário da gestão de João Dória Jr , à frente da Prefeitura de São Paulo teria como termo de comparação a gestão Haddad, entre 2013 a 2016.
À pergunta foi um bom Prefeito? o eleitorado deu a resposta não o elegendo.

Para efeito de comparação, começaremos pela avaliação das intensões e realizações efetivas da Gestão Haddad. 

Ele recebeu de Gilberto Kassab uma Prefeitura sem maiores problemas financeiros, exceto o estrangulamento provocado pelos compromissos do acordo da dívida com o Governo Federal, agravada pela inadimplência da gestão Marta que penalizou o Município com encargos maiores. Alardeando o seu bom relacionamento com o Governo Federal, em particular com o Ministro Mantega e com a Presidente Dilma, prometeu promover a renegociação das condições, aliviando o fluxo de caixa da Prefeitura.  Não foi com a rapidez desejada. Quando completada não houve grandes sobras para investimentos, em função da queda de arrecadação. Mas salvou a Prefeitura de crise financeira enfrentada por outras Prefeituras e Governos Estaduais. É pouco reconhecido pelo feito. Se não tivesse feito e enfrentado uma crise financeira seria considerado um péssimo Prefeito. Como fez, cumpriu a sua obrigação. Nada além. 

Como Prefeito do PT assumiu os compromissos de continuar ou ampliar as ações sociais, principalmente na periferia. Não deu a prioridade petista às ações: pouco expandiu a rede de CEUs, as ações de atenção à saúde não foram eficazes, não construiu a totalidade dos hospitais prometidos, não efetivou a expansão da rede de creches, ficando no aguardo de recursos federais que só chegaram tardia e apenas parcialmente. 

Foi um fracasso no problema da "cracolândia" transferindo para o seu sucessor o problema agravado, que se espalhou pela cidade.

Na espera de recursos federais pouco avançou no programa de construções habitacionais populares. Mas deu total apoio às reivindicações e ações dos movimentos dos sem tetos, mesmo quando manifestamente ilegais. Assumiu - dentro da doutrina esquerdista - de que a luta pelo direito de ter moradia é justa e preciso ser respeitada, mesmo que contra as leis vigentes. Entende ser um ato revolucionário. Mas o resultado foi pífio, limitando-se a pequenas comunidades, pouco significando em termos de geração de tetos.

Tentou encaminhar a diretriz de instalar a população de baixa renda no centro da cidade ocupando - legalmente - edifícios vazios. Pouco conseguiu, além de facilitar as ocupações ilegais. Com sucessivos confrontos para as reintegrações de posse. Fracassou na tentativa de criar condôminos mistos com ocupação concomitante de pessoas e famílias de média e baixa rendas, como já existem em outras cidades desenvolvidas.

Fracassou também na tentativa de levar empregos para a Zona Leste, apesar dos benefícios oferecidos às empresas, dentro do conceito de aproximar casa e o trabalho.

Esses fracassos resultam de visões idealizadas sobre o funcionamento das cidades. Principalmente não atendem ou se opõe ás visões e interesses do mercado imobiliário. 

Decorre de uma concepção ideológica de implantar soluções socialistas, através da Prefeitura, numa cidade capitalista. O que tem o apoio maciço dos urbanistas, formados dentro da concepção de 'arquiteto do Rei'.

Dentro dos seus projetos prioritários foi bem sucedido no fechamento da Av Paulista aos domingos, gerando uma área de lazer para toda população, principalmente para a população de renda média das periferias que puderam vir à 'cidade'. Foi o seu principal e bem sucedido projeto de inclusão social. Ainda que não coincida com a visão de inclusão social do PT.

O seu mais vistoso projeto - o de ciclofaixas - alcançou as metas de extensão, mas não criou a demanda. Embora tenha aumentado o número de ciclistas a ocupação efetiva das ciclofaixas é baixa. Com exceção de algumas ciclovias com faixa própria. Errou na estratégia de implantação e, com isso, comprometeu uma boa solução urbana.

Foi bem sucedido na visão humanista, com a redução das velocidades dos veículos automotores nas vias públicas. Reduziu os acidentes e vítimas, mas não melhorou a mobilidade urbana.

O seu maior fracasso em relação ao planejamento da cidade foi com o Arco do Futuro.

Ao final do mandato retomou o projeto que ficou esquecido ao longo do seu mandato.

A sua visão futura da cidade foi a de deslocar o polo dinâmico, ora na região centro-sul, mais especificamente às margens do rio Pinheiros, para as margens do rio Tietê, alcançando a Zona Leste. 

O desenvolvimento da cidade às margens do Tietê fez parte dos planos de Prestes Maia, foi retomado por Jânio Quadros e ficou nos desenhos e plantas. Não efetivado nas ocasiões perdeu as oportunidades históricas. Não é mais viável. É apenas um sonho de marketeiros. 


Enfim Haddad teve boas idéias para modernizar a cidade, mas colheu mais fracassos do que sucessos. Para esse resultado negativo coloca sempre a responsabilidade na recessão e no contexto político. Mas a razão principal foi a visão intelectualizada, ideologizada e idealizada do funcionamento da cidade e não das suas dinâmicas reais. 

Ele mesmo reconhece que é mais um professor do que um gestor.











  

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