Dória Jr assume a Prefeitura e passa a gerí-la com as piores das suas características pessoais: certezas absolutas, superficialidade, autossuficiência, centralismo e voluntarismo.
Irá enfrentar os problemas da cidade não pelo que elas efetivamente são, mas pela versão da mídia, pelo pensamento da moda. O que o levará a diagnósticos equivocados e soluções ineficazes ou que irão agravar os males.
Entende que bastará dar à gestão da Prefeitura um modelo empresarial, com apoio de consultorias de gestão e da expectativa favorável dos empresários seus amigos para mudar a cidade e consolidar o apoio popular conquistado nas eleições.
Logo perceberá que não terá recursos suficientes para executar as ações pretendidas e que não conta com apoio absoluto da Câmara de Vereadores.
Embora tenha eleito um grupo seu, já o deslocou para auxiliá-lo na Administração, ficando da dependência do grupo partidário e das composições para aprovação das medidas legislativas desejadas.
Tentará medidas ousadas, que não serão aprovadas pela Câmara Municipal e sofrerá sucessivos desgastes com idas e vindas, com a reconsideração das suas proposições voluntariosas.
Com o congelamento das tarifas dos ônibus, terá que buscar alternativas para atender aos concessionários e reduzir os encargos da Prefeitura para cobrir os subsídios. Muitas das idéias lançadas serão contestadas e não viabilizadas. Sofrerá desgaste por fazer ou por não fazer. Criou um problema para o seu padrinho, o Governador Alckmin, que terá dificuldades em reajustar as tarifas do Metrô, ou para dar sustentação ao seu afilhado irá também manter congelada a tarifa do Metrô, arcando com mais subsídios. O que irá prejudicar outros serviços e programas, fragilizando as suas intenções presidenciais.
Para corrigir a "besteira" de prometer o congelamento das tarifas fará novas "besteiras", com "emendas pior que o soneto".
E, em 2018, ao reajustar as tarifas, logo no início do ano, irá sofrer forte reação das ruas. Com ações violentas. O que irá desgastar ainda mais a sua imagem e a do Governador. Se não fizer logo no começo do ano, não fará mais, uma vez que entrará em período eleitoral, e Alckmin manterá as suas pretensões presidenciais.
Com restrição de recursos irá cometer o mesmo erro de Fernando Haddad ficando na expectativa de recursos federais. Adotará a mesma posição ineficaz de que o Governo Federal tem obrigação de ajudar São Paulo. Irá ainda manter a ilusão de que sendo o Presidente, um paulistano de residência, irá se sensibilizar com os problemas da cidade. Ele poderá se sensibilizar, mas não conseguirá que a "Fazenda, abra as burras".
Nessa matéria o novo Prefeito é inexperiente e vai custar para aprender a lidar com a burocracia brasiliense. Acha que sabe, em função da sua curta experiência, dentro da Administração Federal, como Presidente da Embratur, mas "irá quebrar a cara".
Adotando um perfil gerencial do "manda quem pode, obedece quem tem juízo", "vencer ou vencer", "tem que ser", "vai ser assim por que quero", com a autossuficiência de quem acha que conhece todos os problemas da cidade e tem solução pessoal para tudo, vai levar três anos para aprender que não é bem assim. Quando aprender estará diante de um final de governo. E com risco de não ser reeleito. Será uma gestão parecida, mas pior do que a de Fernando Haddad.
Para agravar as suas agruras, o esvaziamento econômico da cidade continuará, mesmo com a superação da crise geral.
A cidade de São Paulo terá perdida as condições de competitividade para continuar como a principal cidade da América Latina. Poderá ainda permanecer na ponta, mas com perda de velocidade e aproximação dos concorrentes.
Permanecerá na ponta porque não emergirá uma outra megacidade concorrente, mas diversas outras menores, competindo e até superando em diversos aspectos a cidade de São Paulo.
Serão tanto grandes cidades latino-americanas, como Ciudad de México, Buenos Aires, como capitais latino-americanas médias como Bogotá, Lima,Santiago e ainda cidades brasileiras, como Goiânia, Cuiabá, Lucas do Rio Verde, Uberlândia, Florianópolis e outras.
Em função da autossuficiência e da mania de grandeza paulistana, não verá, nem dará importância à não escolha de São Paulo, por diversas das multinacionais, ou de dar maior importância a outros escritórios regionais. Debitará o problema à crise econômica.
A economia de São Paulo seguirá decrescendo, tanto em termos relativos como absoluto, sem uma percepção clara pela própria sociedade.
Com a redução da demanda aliviando a pressão sobre os serviços municipais, haverá a impressão de que a Prefeitura está sendo mais eficiente.
A percepção do debácle da cidade só será percebida por volta de 2019, após a eleição de 2018 e a retomada da normalidade econômica e política do país.
Apesar da normalização geral a cidade de São Paulo continuará em crise, com o mercado imobiliário estagnado, o comércio sem uma forte revitalização, o desemprego elevado, ampliação dos focos de pobreza e a indústria perecendo diante da concorrência externa.
Ao perceber esse quadro, a sociedade colocará a culpa no Prefeito, por não ter tomado as providências necessárias para evitar o desastre.
O Prefeito perderá prestígio e não conseguirá se reeleger. No quadro mais grave, nem candidato será.
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