Competitividade e lucratividade nas commodities

As commodities se caracterizam por serem produtos pouco diferenciados entre as diversas produções, podendo ser reunidos e misturados em grande lotes, transportados e comercializados a granel. 
Os seus preços são definidos em bolsas internacionais envolvendo uma grande dispersão de compradores e vendedores. 
Diferentemente do comércio de produtos especializados, em que uma diferenciação pelas características intrínsecas, marca ou preço, afeta o volume de vendas, o mercado de commodities opera em blocos. 

Ou seja, o preço não é determinado individualmente, mas sempre grupal ou coletivamente, afetando as cotações gerais.

Ocorrem, então, duas situações para o produtor, em relação aos seus custos.

O valor que ele recebe é líquido entre o valor internacional e os custos logísticos. Dentro de uma situação de preços relativamente elevados, se o produtor consegue uma redução do custo logístico, melhora a sua lucratividade e ele tem estímulos e recursos para aumentar a produção. Um aumento excessivo de produção pode determinar - mais à frente - uma redução das cotações. Esses oscilam em função das perspectivas de produção, de consumo e de estoques.

Neste caso, a questão maior é de lucratividade e não de competitividade. 

Quando as cotações caem, o preço obtido pelo produtor pode não ser rentável e ai ele reduz o plantio do produto agrícola. A mineradora suspende a produção e o mercado, como um todo, pode reduzir a produção.

Este processo pode ser manipulado pelos grandes produtores ou compradores. Principalmente pelos primeiros.

Quando as cotações caem por um excesso de produção, as que tem menor custo mantém a produção para forçar uma queda ainda maior das cotações e tirar do mercado as que tem custos mais elevados. 

É o que está acontecendo com os mercados do petróleo e do minério de ferro.

O produtor que tem um custo menor não reduz o preço, para aumentar as vendas. Ele tem algumas margens de manobra individual, mas os preços seguem uma condição global. O que ele obtém é maior lucratividade. Com isso pode investir mais, produzir mais. É esse aumento de oferta, em proporções significativas que afeta as cotações globais.

E ai ocorre o processo acima referido. As cotações caem, os produtores com custo muito elevados, saem do mercado e os de menores custos dominam o mercado. Dessa forma a Vale e a BHP dominaram o mercado mundial de minério de ferro e o cartel do petróleo, comandado pela Arábia Saudita, domina o mercado  do petróleo.

Na soja, já está ocorrendo o mesmo processo. As cotações estão baixas e desestimulam produtores. O Brasil com custos mais baixos tem maior lucratividade e com isso aumenta a produção.

Na safra atual só não seguiu na trajetória crescente, por razões climáticas. Mas deverá retomar o crescimento. O seu gargalo é logístico, o que está sendo superado. Com a redução dos custos logísticos aumentará a lucratividade do produtor. E este, com ganhos maiores, irá plantar mais.

É o processo natural do mercado. Mas o seu desenvolvimento não se faz sem percalços.

A soja brasileira irá ganhar mercado no cenário mundial. Não porque seja mais competitiva. Mas porque é mais lucrativa. Para alguns isso não faz diferença.

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