Plano Estratégico para o agronegócio amplo (4) - Comercialização

Já a comercialização internacional de produtos agrícolas é altamente cartelizada, com um pequeno número de empresas multinacionais dominando o mercado. 

Além das 4 grandes e tradicionais (Bunge, Cargill, ADM e Dreyfuss) há o ingresso da chinesa Cofco. Algumas tradings brasileiras, como a Maggi e a Algar estão buscando espaços.

A decisão de exportar grãos ou óleo de soja/ farelo não é do país, mas das multinacionais, que tem instalações em todo o mundo. O primeiro importador é ela mesma, que avalia as condições dos mercados externos.

Internamente (no Brasil) ela avalia os ganhos marginais e não apenas o faturamento. Os custos do processamento podem superar os valores adicionais. 

A referência nacional dos valores é o produto no porto, pronto para embarque (free on board). Já incorpora os custos logísticos de transferência do produto colhido na fazenda até o porto.

Para a multinacional a comparação poderá ser a saida do produto industrializado na sua unidade em qualquer país.

Isso porque essas multinacionais se ocupam também das fases subsequente da cadeia produtiva dos grãos, sendo também produtores de oleo de soja ou de milho refinados. São pois, produtores de alimentos com maior processamento.

São elas que decidem se produzem o óleo de soja no Brasil, para exporta-lo na forma líquida ou se exportam o grão de soja e fazem o esmagamento no exterior, gerando também o farelo. Indo mais adiante: se refinam o óleo e envasam ou vão refinar mais próximo ao mercado consumidor.

Supostamente, para as multinacionais o esmagamento da soja no exterior, em suas unidades, seria economicamente mais vantajosa do que extrair no Brasil e exportar o óleo.

O principal diferencial interno seria na cobrança do ICMS. A movimentação da soja não pagar ICMS. A do óleo sim. 

Para o Brasil, exportar mais óleo e menos grãos, precisaria rever essa diferenciação tributária. O que envolveria a taxação do ICMS sobre a movimentação de grãos. Difícil ou quase inviável, dada a resistência da agropecuária.

Para a multinacional que participa do mercado final, a sua opção sobre onde desenvolver as diversas fases da cadeia produtiva está relacionada com o custo agregado. O valor é dado pelo preço que o consumidor final está disposto a pagar, tendo em vista a comparação de preços e qualidade da concorrência. 

A partir de uma ampla produção da matéria-prima o Brasil precisaria ter condições para que a multinacional veja vantagem econômica em processar todas as fases aqui, exportando o produto acabado do que processar em outros locais. 

A geração dessas condições, não artificiais, seria uma das missões das lideranças do agronegócio amplo. 

Não se trata do Brasil ser competitivo, porque isso é uma figura retórica. O Brasil não compete nos mercados reais, apenas nos rankings.

Trata-se de criar condições internas para que as empresas possam produzir com competitividade mundial. E possam competir com os concorrentes, no exterior, com os seus produtos "made in Brazil".

(cont)







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