Cenários dos próximos passos

Condenado em segunda instância judicial penal, Lula e o PT estão seguindo o roteiro anteriormente traçado sem surpresas e assim continuará até o segundo semestre de 2018.

Lula terá decretada a sua prisão, pelo Juiz Sérgio Moro, ainda em fevereiro, no mais tardar em março, mas não será ou ficará preso, por conta de habeas corpus, de Ministro do STF. Poderá até ser de Gilmar Mendes.

Lula e o PT manterão a sua pré-candidatura à Presidência da República, apesar da certeza de que o seu registro será impugnado e negado pelo TSE. Por razões absolutamente formais e técnicas. 

Manterá a estratégia de contestar a decisão, acusando de ser uma decisão política, com o objetivo de evitar - a todo custo - a sua eleição.

A estratégia é de mostrar à opinião pública uma versão exatamente oposta à realidade. E Lula é o maior mestre nessa capacidade de inversão dos fatos.

Na véspera do julgamento pelos desembargadores do TRF4, afirmou no seu discurso que esperava uma decisão técnica, com a sua absolvição. Na realidade já sabia que seria condenado.

A decisão não técnica ou política seria uma profunda inflexão em toda a trajetória dos desembargadores, influenciados pelas "vozes da ruas" e diante do suposto e iminente risco de guerra civil.

A decisão foi absolutamente técnica, embora baseada em doutrina discutível. Mas aplicada em centenas de casos anteriores, já formando jurisprudência. O ex-poderoso e principal desafeto de Dilma Rousseff, a quem é atribuido a responsabilidade pela impeachment dela está condenado e preso. Nem Lula, nem o PT questionaram a condenação de Eduardo Cunha. Baseados nos mesmos princípios seguidos - tecnicamente - pelos desembargadores da 8ª turma do TRF4.

É uma doutrina criada para poder condenar chefes de quadrilhas, sejam de organizações tipicamente criminais ou políticas. 

Embora a decisão de condenação tenha sido estritamente técnica, não desviando dos procedimentos e decisões anteriores, Lula promove a inversão, caracterizando-a como decisão politica. E obtém o apoio da mídia, para encobrir a principal razão do julgamento.

O que está sendo julgado é se Lula é corrupto ou não. O caso do triplex do Guarujá é apenas um caso e dos menores. 

Lula quer evitar que a mídia dê destaque ao fato de que ele está sendo condenado por corrupção. Ou em termos populares que ele está sendo condenado por ser um "ladrão".

As manifestações da defesa jurídica de Lula, não tem por objetivo convencer os magistrados. O objetivo é voltado ao público interno (o do PT). Querem que os seus argumentos sejam rejeitados, que as suas solicitações estapafúrdias sejam recusadas, para caracterizar perante o seu público, a tese da perseguição política. 

Lula está à frente nas pesquisas. Como candidato regular tem sérias possibilidades de chegar ao segundo turno. E dependendo do adversário, de ser eleito.

Mas o seu principal obstáculo está na difusão e aceitação pelo seu eleitorado da imagem de "ladrão".

Essa imagem será altamente negativa, se refletirá na perda de votos e na sua não eleição. 

Essa imagem de corrupção e ladroeira foi a responsável pelo amplo desmoronamento do PT nas eleições municipais, em 2016. As investigações e denúncias estavam concentradas no petrolão e no PT.
Também teria contribuído para a derrubada do "corrupto governo" de Dilma Rousseff.

Com a ascensão do Governo Temer, com o seu pacote de maldades, as denúncias do então Procurador Geral da República e o evidenciamento do "quadrilhão" do PMDB (agora apenas MDB), a imagem de corrupção petista foi diluída e Lula tem buscando, com sucesso, afastar - sempre perante do seu eleitorado potencial - a imagem do Lula ladrão.

A sua estratégia de comunicação é de substituir aquela imagem pela de vítima. Vítima da conspiração da "zelite" que está manipulando o Judiciário, para tentar evitar a sua legítima eleição pelo povo. 

"Só o povo brasileiro poderá dizer se ele é culpado ou inocente. E o povo brasileiro não pode ser tolhido desse direito". É o discurso de Lula, que tem eco em grande parte do "povo brasileiro". 

E é o grande fantasma da opinião publicada que é a minoria dos eleitores, mas domina os meios de comunicação. E entra no jogo de Lula.

(cont)







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