Brasil alimentador do mundo - cervejas

O Brasil como mercado consumidor tem grande importância mundial no setor de bebidas, sendo o terceiro maior mercado produtor e consumidor de cervejas. 

É uma importância estatística, mas com características específicas em âmbito mundial, quando avaliado sob o aspecto empresarial, principalmente as características dos "players" que atuam no mercado.

O mercado brasileiro de cervejas foi estruturado - ao longo do tempo - por duas características principais: a concentração numa única categoria de cervejas: a pilsen e a forte oligopolização, quase chegando ao monopolio.

Antarctica e Brahma as duas principais empresas, constituidas por imigrantes europeus, radicados no Brasil, foram pioneiras ou das principais empresas que recorreram ao mercado de capital, tendo uma composição acionária pulverizada, com as famílias controladoras sem o controle absoluto das empresas. 

Com uma política agressiva de "estrangulamento" e aquisição das concorrentes, principalmente, em âmbito regional, praticamente dominaram todo mercado nacional, remanescendo pequenas ou médias empresas, com mercados restritos. Através de extensa da cadeia logística, baseada em rodovias, se estenderam por todo o país, apoiada por intensas campanhas publicitária e de marketing esportivo.

Esse domínio de mercado, baseado em logística e marketing, constituiu-se durante muitos anos em barreira de entrada de outros grupos, inclusive as grandes cervejarias mundiais. Algumas tentaram mas acabaram sendo absorvidas por uma das duas grandes.

A pulverização das ações dessas duas maiores empresas, permitiu que um grupo de gestores de investimentos, comandado por João Paulo Lemann, percebendo a oportunidade, através de compras disseminadas, passassem a ter posições acionárias relevantes, e ao final assumir o controle delas. 

A partir do controle das duas maiores cervejarias nacionais o
grupo as fundiu, formando a Ambev. Associando se ao grupo belga Artois, mediante um agressivo processo de aquisições e fusões transformou-se no maior grupo cervejeiro mundial. Deixou de ser uma empresa brasileira, para se tornar uma grande transnacional, com uma multiplicada de mercas.

Por outro lado, outros grupos estrangeiros ingressaram no mercado brasileiro, firmando posição, como a Heineken, de origem holandesa. 

Um terceiro conjunto foi formado por grupos nacionais que aproveitaram brechas na legislação tributária brasileira, para não pagar ou transferir o pagamento dos elevados tributos que incidem sobre a bebida, para oferecer preços mais baixos e conquistar o mercado popular. 

A Schincariol foi a pioneira nessa mercado, mas em função das ações policiais sobre os seus acionistas, acabou vendendo para a japonesa Kirin, que não se adaptou aos mecanismos brasileiro e acabou repassando, com grandes prejuizos para a Heineken.

Outras ainda remanescem, apesar de sucessivas autuações fiscais. 

Um novo mercado foi aberto com a produção artesanal e aceitação por um mercado de renda média alta e alta, de cervejas premium. Com preços mais elevados que as cervejas comuns. Na maior parte dos casos são de distribuição local ou regional, sem grandes redes de distribuição.

O surgimento e evolução desse mercado de cervejas "premium" de margem à importação de um grande volume de cervejas importadas, concorrendo com as nacionais. 

Importações

As principais importações, ainda são das cervejas "comerciais" com o México assumindo a posição de principal fornecedor, provavelmente com a Corona, atualmente no porfolio da AB Inbev. A marca Sol, é da Heineken.

A Alemanha aparece em segunda posição, tendo como marca forte a Paulensen. 

A presença do Uruguai, provavelmente não só é da sua produção nacional, mas da intermediação de marcas internacionais que ingressam no Mercosul, através do Uruguai. A sua principal marca é a Norteña.

A Holanda teve um papel de destaque que foi reduzida, provavelmente pela produção nacional da Heineken. 

Tabela - Importação de cervejas de malte


País de origem 2017 2016 2015 2014 2013 2012
Países Baixos (Holanda) 243.768 3.583.150 8.285.844 15.808.606 13.870.688 20.815.970
México 11.774.706 6.056.005 14.269.357 670.402 584.998 4.046.742
Alemanha 4.565.921 3.947.043 6.942.721 7.102.685 5.973.756 4.345.972
Uruguai 3.710.781 4.349.133 7.159.886 5.002.158 4.380.654 3.052.693
Bélgica 3.164.291 3.652.507 7.152.719 5.235.498 4.498.349 3.221.813
Argentina 1.996.748 2.617.933 2.219.508 1.010.414 2.961.718 3.464.795
Estados Unidos 1.936.053 1.198.250 2.659.290 1.927.527 1.747.132 1.959.801
Reino Unido 922.008 785.150 2.319.159 2.140.495 1.686.165 1.023.916
Espanha 868.444 1.041.318 1.397.712 1.577.510 1.154.767 1.280.576
Dinamarca 678.729 1.044.559 1.646.537 1.950.170 533.153 146.515
10 maiores 29.861.449 28.275.048 54.052.733 42.425.465 37.391.380 43.358.793
Demais 1.633.882 1.591.413 2.322.994 2.621.374 2.344.241 1.710.643
Total 31.251.563 26.283.311 48.089.883 29.238.233 25.864.933 24.253.466
fonte; MDIC Aliceweb


O Brasil tem saldo comercial na movimentação externa, embora o conjunto seja de pequena escala. A corrente de comércio está pouco acima de 100 milhões de dólares em 2017.

Tabela - Brasil - Comércio exterior de cervejas de malte


Comércio externo 2017 2016 2015 2014 2013 2012
Exportações 98.780.925 78.027.628 89.521.435 89.000.665 66.511.903 59.229.789
Importações 31.251.563 31.251.563 31.251.563 31.251.563 31.251.563 31.251.563
Saldo 67.529.362 46.776.065 58.269.872 57.749.102 35.260.340 27.978.226
Corrente comercial 130.032.488 109.279.191 120.772.998 120.252.228 97.763.466 90.481.352
fonte: MDIC - Alice web

As exportações são destinadas preferencialmente para a América Latina e Caribe, com grande inconstância, exceto o Paraguai, o principal destino das cervejas brasileira, com volumes mais constantes.

As exportações para a Argentina só foram retomadas nos dois últimos anos. No Peru e no Chile houve perda de mercado, assim como no Suriname.

Embora a maior cervejeira mundial esteja sob comando de brasileiros, o Brasil não é um grande supridor mundial de cervejas.

Tabela Brasil - exportações de cerveja de malte


Descrição do País 2017 2016 2015 2014 2013 2012
Paraguai 61.585.508 63.026.295 66.370.194 73.440.898 49.168.630 39.113.776
Argentina 22.349.068 1.950.609 0 0 0 0
Bolívia 9.280.257 10.042.251 10.291.990 9.445.256 10.849.127 11.536.680
Uruguai 4.179.209 757.483 403.497 395.297 503.863 399.079
Colômbia 304.630 515.762 1.761.431 1.904.174 909.652 1.096.527
Peru 7.619 26.752 14.892 522.419 2.818.166 3.326.206
Chile 6.897 0 5.025 17.608 826 0
Suriname 66.804 125.268 602.630 643.371 709.651 1.393.610
Curaçao 4.649 5.097 0 0 0 0
Belize 0 32.818 0 0 0 0
Costa Rica 0 102.674 237.952 185.294 212.488 416.465
Cuba 0 0 8.376.001 0 0 0
México 0 10.210 56.088 56.589 5.568 1.829
América Latina e Caribe 97.784.641 76.595.219 88.119.700 86.610.906 65.177.971 57.284.172
Demais 994.267 1.430.393 1.399.720 2.387.745 1.331.919 1.943.605
Total 98.780.925 78.027.628 89.521.435 89.000.665 66.511.903 59.229.789
fonte: MDIC - Alice web



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