Bolsonalismo, um fenômeno conservador?

O bolsonarismo representa uma visão de mundo, que repugna os progressistas. A maior parte desses estão no "campo da esquerda", o que o leva a classificar o bolsonarismo dentro do campo da direita.
A característica principal da visão de mundo bolsonarista é o tradicionalismo, opondo-se às mudanças culturais promovidas pela revolução de 1968, iniciada em Paris, mas expandida para todo o mundo ocidental. Gerou um novo paradigma: o "politicamente correto".
O politicamente correto emergiu com a promessa de uma vida melhor para todos, envolvendo a igualdade de gêneros, a eliminação dos preconceitos, principalmente de natureza racial e dos negros, a liberdade de escolha sexual, assim como do corpo feminino, a eliminação da desigualdade de renda e outras questões.
No Brasil, uma parte dos novos paradigmas foram incorporadas pela Constituição de 1968, respondendo a novos anseios da sociedade.
As visões tradicionais, no entanto, se mantiveram em "clusters" sociais, principalmente, no meio religioso. Os meios religiosos foram os segmentos resistentes ou reacionários às mudanças, mais visíveis, mas muitos outros segmentos ficaram submersos ou "dentro do armário", sem se manifestar publicamente.
Aparentemente a revolução de 68, ao completar 50 anos, não alcançou os objetivos pretendidos, não obtendo a universalização das suas visões, com aumento crescente das reações contrárias. 

Já no século XXI, passaram a emergir em partidos políticos, classificados pelos analistas como de direita radical. Em países mais desenvolvidos do ocidente, a principal bandeira tem sido contra as imigrações e os tratamentos igualitários dos imigrantes. 
No Brasil essa corrente foi assumida pelo deputado federal Jair Bolsonaro, com importante apoio de segmentos da sociedade carioca e fluminense.
A difusão das suas manifestações ou a adesão de segmentos maiores da sociedade brasileira o levaram a se apresentar como candidato à Presidência da República, alcançando a preferência de uma pequena parcela do eleitorado brasileiro, mas à frente dos demais concorrentes, segundo pesquisas que não consideram a presença de Lula.
Ao contrário do lulismo e do petismo que conta com o apoio de acadêmicos, intelectuais e analistas políticos que os teorizam, não há ainda teorias consistentes sobre o bolsonarismo. O pouco que encontrei foram de intelectuais de esquerda o combatendo e o desqualificando. A principal desqualificação é o de caracterizá-lo como fascista. 

A nosso ver, a principal característica do bolsonarismo é o anti-progessismo, o anti-revolução de 68, manifestando-se claramente contra o "politicamente correto" e às correntes que defendem essa nova visão. Como a esquerda é uma das principais correntes, ele a elegeu como o inimigo visível. E esse inimigo é corporificado pelo PT e por Lula. Dai o entendimento corrente de que ele é o anti-Lula e cresce eleitoralmente pela adesão dos que se antipatizam com o partido e seu principal líder. E que, sem a presença do inimigo, ele "se dissolverá" eleitoralmente. 
O que é um equívoco: em comunidades pobres, pesquisas e reportagens tem demonstrado que ele - Bolsonaro - substitui Lula na preferência de grande parte dos eleitores daquelas. 
O caso mais notório seria de Brasíla Teimosa, uma tradicional favela do Recife, capital de Pernambuco. Essa favela recebeu muitos benefícios de Lula, incluindo a sua urbanização e para caracterizar as novas condições, foi elevada à categoria de comunidade. O politicamente correto não aceita mais a denominação favela, que teria um sentido pejorativo, e as passou chamar de comunidade. O que é uma mudança da embalagem, sem alterar o conteúdo. 

(cont)





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