Riscos de uma estratégia

Dilma Rousseff, ameaçada de ser retirada do cargo de Presidente da República, legitimamente eleita pela maioria dos eleitores votantes, tem como estratégia principal se contrapor a Eduardo Cunha, seu principal inimigo na guerra politica.

A sua mensagem para a sociedade, para os eleitores é "pode ser ruim com ela, mas será pior sem ela". Porque com o impedimento dela, poderá também ser impedido o Vice-Presidente Michel Temer, e na linha constitucional de sucessão, assumiria a Presidência da República, o odiado Eduardo Cunha.

Ruim com ela, pior com Cunha.

Cunha, envolvido nos esquemas de corrupção da Petrobras e bombardeado incessantemente pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, é o grande vilão da República. 

O problema real é que Cunha, embora tenha participado do "esquemão" é um integrante menor. Impressionam os milhões de dólares que teria recebido, mas mesmo somado esses, representariam uma pequena parcela dos bilhões desviados da Petrobras, então sob governança da atual Presidente República e, então, Presidente do Conselho de Administração da estatal.

Pode até ter integrado o segundo escalão da quadrilha, mas não estava no primeiro, ainda não suficientemente identificado. Mas no qual, certamente, participava Dilma Rousseff, como uma  "inocente útil". Ela não se locupletou pessoalmente, mas encobriu o processo em favor do partido e do seu projeto social.

Ela se vale dessa imagem de pessoa honesta, que ficou acima (ou fora) do esquemão e defensora dos "que mais precisam". É a heroina, a paladina dos pobres, enfrentando o bandidão do Eduardo Cunha, que se locupletou, mantendo contas pessoais no exterior. 

O jogo é sustentar a "Ameaça Cunha",  mas não efetivá-la antes da absolvição de Dilma, das denúncias atualmente em curso, e da sua confirmação na Presidência. 

A ameaça Cunha é hoje o principal fator que inibe os defensores dos impeachment. 

Por outro lado Eduardo Cunha é o grande vilão nacional, a pessoa que encarna a corrupção brasileira. A mídia precisa escolher figuras onde tudo de bom se concentra ou, ao contário, tudo de mal se concentra.

No balanço do ano de 2015, o grande herói brasileiro é o Juiz Sérgio Moro, a figura, a imagem que encarna o combate à corrupção. O santo. De outro lado o diabo: Eduardo Cunha.

Mas como Cunha é um diabo menor, se ele for preso e afastado não acabará a corrupção, tampouco o processo de busca e combate aos corruptos.

Os que estiveram ou estão acima dele no grande esquema montado na Petrobras e em outras empresas ou entidades estatais, estão ainda protegidos e escondidos atrás do biombo Cunha.

Se ele cair logo, como gostaria a maior parte da sociedade brasileira, os outros ficarão a descoberto e poderão ser os subsequentes no processo. 

Pior para eles será a prisão de Cunha e a sua disposição de aderir à delação premiada. 

À sociedade brasileira interessa, mas aos "donos do esquema não". À Presidenta não. 

Mas é preciso combinar o jogo com os "russos". Que, no momento, atendem pelo nome de Janotscki e Zavascki.

 

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