Perspectivas do mercado de construção de edificações

O setor da construção civil é fortemente vinculado ao mercado interno, uma vez que não exporta o seu produto fínal que é um imóvel. Mas mantém uma corrente de comércio exterior que compreende a importação de materiais para a construção, como por exemplo os vidros, e exporta outros como os materiais de revestimentos. 

Se o mercado interno fraqueja, em função da retração de renda dos consumidores o setor também se retrai, em proporções maiores, porque o consumidor, diante da crise, adia a compra de ativos e evita assumir dívidas. 

O setor vende uma imagem de importância relativa superior ao real, como um dos maiores contribuintes à formação do PIB e um dos setores mais empregadores. Para com isso conseguir programas governamentais de apoio, o que sempre tem conseguido. 

A participação do setor no valor adicionado pela economia brasileira, que é a base para o cálculo do PIB, tem ficado em torno de 5%. É o maior percentual individual da indústria, mas perde para diversos setores do terciário,  como o comércio (12%), a administração pública, educação e saúde (10%); e a própria atividade imobiliária e alugueis (8%).

A crise atual do setor está agravado pelos benefícios artificiais concedidos ao longo dos últimos 10 anos. Não podendo ser mantidos, em função do ajuste fiscal vem provocando uma acomodação em patamares mais baixos do mercado. Embora nem o setor, tampouco o Governo queiram reconhecer, na realidade, há um estouro de uma bolha imobiliária.

Esses benefícios foram a ampliação do crédito imobiliário a taxas de juros favorecidas e enormes subsídios para viabilizar o acesso da população de renda baixa ao grande sonho da "casa própria". 

Com o recrudescimento da inflação a caderneta de poupança, a principal fonte privada para o crédito imobiliário teve os seus saldos reduzidos, implicando na redução da disponibilidade de recursos para os financiamentos imobiliários. Com a elevação da taxa básica de juros, as taxas de financiamento imobiliário também aumentaram, gerando uma retração na demanda. Com o ajuste fiscal as verbas para o subsídio habitacional teve que ser parcialmente contingenciado. O Governo evitou cortes definitivos nas verbas, mas terá que fazê-lo, diante da queda sucessiva da arrecadação. Em função dessa pendência o Governo tem adiado sucessivamente o lançamento da 3a fase do Minha Casa, Minha Vida.

O setor da construção civil não tem condições de alavancar a retomada do crescimento econômico e fica dependente desse.





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