Mais um ano de uma cidade partida. 462 anos cada vez mais desigual.
Uma cidade em que a maioria dos moradores quer ir embora dela, mas não vai, nem irá. A atração real é muito forte. E quem foge dela, se puder, volta a ela.
A cidade da riqueza continua se movimentando e se modernizando. Quanto à beleza é polêmica. Nos confins do Morumbi, o espaço aéreo é tomado por imensos edifícios envidraçados, fechando a visão do espaço natural. É o novo e dinâmico polo da riqueza que vai deixando os seus redutos tradicionais, como a Avenida Paulista, para a cidade da classe média ou da medianidade.
Quem volta à cidade, depois de algum tempo ficará surpresa, deslumbrada e triste. A nova cidade, com menos horizonte, não é mais uma selva de pedra, mais uma selva de vidros espelhados. Igualmente opressora.
De perto, num dia como hoje, pode ser até agradável, com prédios modernos, distância entre elas, espaços ajardinados e avenidas largas e vazias. Nos dias comuns, preso no congestionamento, as visões são substituídas por irritação.
A cidade da classe média está em transformação, mais humanizada, merecendo a maior atenção do Prefeito atual. Quer e está fazendo uma cidade de classe média. Tem muito a comemorar, em mais um aniversário da cidade.
Já a cidade da pobreza, continua apenas se expandindo territorialmente mantendo os padrões de insuficiência geral de renda, de serviços e de infraestrutura. Com a crise econômica é para ela que se refugiam os desempregados. Não tem o que comemorar.
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