O Brasil e o real estão sendo objeto de um ataque especulativo que irá continuar porque o país está com a defesa aberta e resiste em cobrir o buraco pelo qual os especuladores estão atacando.
O argumento que é usado é a crise política. O que é falso. Aprovação dos vetos pode restabelecer a confiança, mas não gera dólares. O que gera dólares é a exportação e o ingresso de capitais.
Este último está comprometido, mas a "pergunta que não quer se calar" é porque as exportações de manufaturados continua em queda, quando deveria estar "subindo que nem um foguete", no rastro da subida do dólar.
Apesar da recuperação dos preços em reais, os fabricantes não estariam retomando a produção, preferindo ficar na espera, reduzindo o quadro de empregados, por falta de confiança no futuro.
As commodities tem um fluxo de produção contínuo, com as decisões tomadas no plantio e a colheita dependente das condições climáticas, com uma previsão razoável do tamanho da safra e disponibilidade do produto.
Os produtos industriais precisam ser fabricados, com parte dos seus insumos e partes importados.
Eles estariam com medo de importar agora com o dólar caro e na hora de exportar ter um dólar mais fraco.
Com a falta de confiança no futuro, os industriais brasileiros estariam com medo de arriscar. Com medo de produzir mais.
E o Governo se recusa a intervir no processo econômico. Quer se restringir, seguindo a teoria, apenas aos instrumentos monetários.
Há o caminho das multinacionais que, diante das novas circunstâncias, poderiam transferir mais produtos brasileiros, agora mais baratos, para outras subsidiárias.
Mas também estão na defensiva, por conta das restrições do Governo à sua atuação internacional.
O recente episódio da fraude com carros da Volkswagen nos EUA é significativo a esse respeito. O problema ocorreu nos EUA, mas a decisão foi tomada na Alemanha. Como consequência o "chefão" alemão pediu desculpas e renunciou.
O Governo alemão alegou, de pronto, não "saber de nada", mas assumiu responsabilidades e tomou providências para punir a empresa alemã ou seus dirigentes. Antes que ocorresse, o Presidente mundial da Volkswagen renunciou.
A soberania norte-americana foi arranhada.
O Brasil, mais cioso da sua soberania, não quer se submeter às decisões externas. Só quer tratar com a direção regional da subsidiária da multinacional, com as decisões que ela tem aqui.
Como exportação da multinacional é uma decisão centralizada, que decorre a divisão de tarefas definidas pelo centro corporativo, o Brasil fica na espera.
Enquanto isso os especuladores aproveitam.
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