Vencer o patrimonialismo

Para vencer o patrimonialismo e seus filhos nepotismo e corrupção, não basta a indignação, muito menos o estarrecimento diante das revelações. Tampouco mudar os presidentes. Necessário, mas não suficientes.
É preciso desenvolver estratégias eficazes, a partir de diagnósticos corretos. Sem o que as ações serão erráticas e ineficazes.

O nosso entendimento, que submetemos aos leitores, é que o patrimonialismo é um traço cultural, de natureza individual que pelo alto alcance se torna coletivo e nacional. Tem a ver com o caráter pessoal.

A pessoa tem princípios e está disposta a sustentá-los, resistindo a qualquer oferta de vantagem contra os mesmos? Ou está disposta a oferece vantagens a terceiros para obter um benefício indevido?

Isso chama-se integridade de caráter. 

A partir dai, caracterizamos tanto o fenômeno pai, como os filhos como doenças gerada por vírus. O mais comum é o virus da corrupção: corruptus virum. 

Atacam pessoas com baixa imunidade, no caso de baixo grau de integridade de caráter. Seriam pessoas com alta flexibilidade e aceitação das circunstâncias.

Estão mais propensos à contaminação.

Por outro lado, o vírus se espalha pelo ambiente. Então num ambiente contaminado o íntegro é o estranho. O íntegro, o politicamente correto é um "chato". 

Se num mercado econômico, a prática usual é o da corrupção, a empresa que não aceitar as regras está "fora do jogo", ou seja, não consegue vender, produzir e se manter. Estará sempre em condição de inferioridade diante dos concorrentes. 

Para combater as doenças do patrimonialismo, nepotismo e corrupção que são membros da mesma família, é preciso atuar sobre as pessoas para reforçar a sua imunidade, ou seja, reforçar a integridade. É preciso que isso se amplie para o seu ambiente, assim como para a coletividade.

As principais ações em desenvolvimento tem focado os aspectos legais, com o estabelecimento de leis, como a lei de integridade, conhecida como lei anticorrupção e as leis de defesa da concorrência. 

São necessárias mas insuficientes. 

Elas se baseiam no conceito do crime e punição. As práticas indevidas são criminalizadas e definidas penas elevadas para inibir as suas práticas.

A pouca eficácia desse conceito decorre da reação dos improbos de que a as autoridades só pegarão os outros. Não a ele. Que só alcançarão os grandes. E ele continua com as práticas, alegando que é uma condição essencial de sobrevivência. 

Não alcança a mudança cultural. E com isso, o vírus se retrai, mas volta a atacar mais à frente.  

Para a erradicação definitiva da família patrimonialista, é preciso alcançar a cultura individual. E transformá-la numa cultura coletiva. Onde o improbo seja exceção e não a regra. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Lula, meio livre

Lula está jurídica e politicamente livre, mas não como ele e o PT desejam. Ele não está condenado, mas tampouco inocentado. Ele não está jul...